sábado, 29 de agosto de 2009

Escondidos na curva da estrada

Depois do 1º bloqueio e da primeira blogada, desbloqueado, veio a fisioterapia, os choques no menisco, as microondas na superfície do joelho, o café instantaneo de 60 centavos e o movimento do vaivém incessante bairro-cidade das centenas de pessoas lotando diferentes onibus e aquele ponto com a maldita calçada lateral toda arrebentada (que ainda vai me arrebentar o joelho esquerdo...) e suas pedras bicolores todas espalhadas servindo de depósito acessível de armas improvisadas e disponíveis para o exército brancaleonóia dos botões que circulam pelo pedaço, aquele desprovido exército de crianças miseráveis que vive a guerra noturna, eterna e breve com seus próprios semelhantes pela fulgás sobrevivencia. E as noites viram semanas e depois meses e de repente, um a um, eles caem e viram o pó da Consolação, da Sé ou do Glicério.
No Hyde Park isso não acontece... Mas no Cruzeiro do Sul... E foi só nessa hora, descendo do onibus na calçada detonada, que percebo que ter caido na tua armadilha... (Em inglês, uma palavra tão espanhola como armadillo quer dizer tatu.)

Você me blogou irremediavelmente. Estou preso aos textos que ainda não existem, que não foram escritos e estão a milhares de comandos enter a frente desse ponto nesse texto e que só virão à tona na minha direção e através de meus dedos se meus dedos continuarem a tocar a música das palavras que saem da minha partitura na direção deles. Nesse momento, os dois textos se cruzam para se reproduzirem em dois textos laterais de apoio e descrições, onde um terceiro central segue em linha reta adjetivando os verbos de motivação e constante realização na trilha da transcedência pessoal temporária entre contos, cronicas, críticas, resenhas, poemas, quotes unquoted e poemetas, esses poemas que surgem da interação das postagens... Como esses dois (que estavam milhares de comandos a frente, escondidos na curva da estrada):

Um sentimento estranho, bizarro todo esse tempo aparentando Linho bastou tocar, pra perceber, estupefada que nunca deixou de ser Nylon.

Patrícia Figueiredo, Paris, 2009

Entre nós, o Wall de um facebook colocando-me momentaneamente na Place des Vosges e trazendo Patrícia para uma informal caminhada na República, por entre as barracas de artesanato & alimentação (baba de anjo: R$ 2).
No caminho, pelos corredores, é claro que trocaremos um beijo apressado e um abraço apertado de irmão e irmã que nunca fomos, mas nos sentimos sem qualquer esforço ou experiência anterior.

Quem nasceu pra nylon
não chega a linho.
Linholene já é mais fácil.

Mas triste mesmo
é aquela miserável
sensação de camisa
Volta ao Mundo
pendurada no cabide do varal
após a milésima lavada,

levemente amarelada
secando pra fazer par
com calça colorida de nycron
e dançar um tango portenho
cambaleante
apertado no passo doble
vencido.

Caio Nehring, SP, 2009

2 comentários:

  1. Ai Caio que lindoooo me emocionou
    Que maravilha poder te encontrar por aqui, olhar dentro do teu bau,brincar com as pérolas que voce vai fazer sair, dividir com agente tuas riquezas.
    Merci mon cheri, que prazer
    esperando a hora da gente ir passear
    tim tim!!!beijo no queixo.pATA

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  2. que prazer esse de ter te empurrado, esse que as minhas palavras te provocaram, e me sinto assim fazendo parte deste começo
    abre teu peito, dexa sair tudo,deixa tremer,la no fundo.a gente acolhe e beija aqui.merci.

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