terça-feira, 29 de março de 2011

Love Very Rules


Your Birth Date: 05/07/1954


Click Here!


Thunder and Lightning Mars Square Asc March 29, 2011 to March 31, 2011


Hear that? It's the sound that shakes the skies just seconds before they're illuminated by a bright light.


That's what's going on inside you -- and if you deny it, you'll only be postponing the inevitable. Why bother? Take cover, and prepare for the next rumble.


Love Very Rules


(Photo: PSL - credit on the pic)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Veríssima, Audrey & Giuletta on the beach




Tento resistir e não parar o ritmo de trabalho. Não consigo. Quero escrever para vc, que nessas horas é o substituto de estar com vc, como se alguém pudesse substituir sua forte presença. o sub- do making Love q fazemos, onde eu me faço de totem colorido centrado bem no meio de sua floresta encantada, onde no auge, na sua beira de praia, chove e faz sol, at the same time.

Meu texto, sem treino e exercício diário, perde em fluência, imaginação e ritmo. Mas, mesmo assim, e devido a essa paixão que invade totalmente esta casca que oculta essa essência q só vc conhece, escrevo pérolas sobre nossa fantasia doméstica de amor & sexo. “eu me faço de totem colorido centrado bem no meio de sua floresta encantada, onde no auge, chove e faz sol, at the same time"... É uma delas.

Tento me concentrar e afastar o ligeiro desconforto da medicação alternativa, “tento ser tenro”... e continuar a tradução,

"!The Piazza and Central Market

Durante 300 anos, Covent Garden foi mercado de frutas, legumes e flores - imortalizado no musical de sucesso My Fair Lady, de Lerner e Loewe. Em 1980, os salões Victorianos, com seus adoráveis telhados de ferro e vidro, transformaram-se em vibrante e moderna feira livre, cercada por cafés, bares e animada por habituais espetáculos de rua.

d WC2 • Mapa M3 Clowns em Covent Garden...”

Você vê que coisa mais louca! Tento me concentrar no texto do guia para afastar o mal estar físico - e o fenomenal estado de felicidade que é pensar em você e ver sua imagem tomando conta de todo o meu ser, sem muito sucesso.

A medida que traduzo e passeio pelo texto de Covent Gd, a lembrança de você via Audrey H. quebra meu foco e poderosamente me faz imaginar nós dois soltos e livres caminhando, walking ourselves away, sob o átrio do Mercado de Covent e sentando para um black coffee w/ cream, enquanto assistimos a performance de um mímico solitário e sorridente, cercado por 5 clowns femininos, dublezinhos de Giulietta Masina.

Vejo-me de novo imerso você, que toma banho e enshampoa o cabelo dourado com critério e energia.

Pelo vidro embaçado do Box, teu corpo nu ensaboado serve de tobogã para a espuma de shampoo branco e cremoso que vai desenhando formas enquanto escorre seio, ventre e púbis abaixo... e então... me faço de totem ereto e colorido centrado bem no meio da ribanceira de sua floresta encantada do Amor Prazeroso, onde no auge, chovo e faço sol, at the same time.

O impressionante e principal teatro de música é lar das companhias do Royal Opera e do Royal Ballet. O atual teatro Neo-Clássico foi projetado em 1858 por E M Barry e incorporado ao pórtico frisado, recuperado do antigo prédio, destruído num incêndio.

O Opera House abriu suas asas para o adorável salão Floral, antiga parte do mercado de Covent Garden que hoje abriga um bar de vinho & champanhe.

(ver pág 54).
d Bow Street WC2 • Mapa M2 • Aberto a visitação de 10h as 15:30h. • 020 7304 4000 • www.roh.org.uk

domingo, 15 de agosto de 2010

Made by Nehring - 2008 - Shine a Light/RS


Sempre que acho uma ou outra matéria que eu traduzi ou redigi, On Line, disponível a todos,

eu gosto de mostrar (fazer bem ao ego), and Pass IT ON... Essa foi sobre Shine a Light e a União pelo Blues de Keif Richards & Jack White.

O Agradecimento sempre especial ao meu mais querido Editor, Ricardo Cruz, a.k.a.Proféssor Quinho...

que tanto me ensinou.




http://www.rollingstone.com.br/edicoes/20/textos/2468/





Unidos Pelo Blues

David Fricke



Os Rolling Stones e Jack White acendem uma luz em relação à origem de sua música





Em Shine a Light, o novo filme-concerto dos Rolling Stones, há uma entrevista com Keith Richards. Um repórter pergunta no que ele pensa quando está no palco. E o guitarrista responde, calmamente: "Não penso [no palco]. Só sinto".

Confira um vídeo com Jagger, Richards e Jack White falando sobre Shine a Light clicando aqui.

Dirigido por Martin Scorsese, Shine a Light consegue captar o atual vigor da banda, com uma intimidade até então nunca vista. O cineasta filmou o grupo em 2006, durante dois shows fechados no Beacon Theatre, em Nova York, com a participação de convidados como Buddy Guy, Christina Aguilera e Jack White (White Stripes) - que faz um dueto com Mick Jagger na versão country-soul de "Loving Cup", do álbum Exile on Main Street (1972). Mas Shine a Light - batizado a partir de outra canção de Exile e o último em uma longa linhagem de documentários sobre os Stones (incluindo Gimme Shelter, 1970, Ladies & Gentlemen, The Rolling Stones, 1974, e Cocksucker Blues, a inédita crônica de Robert Frank sobre os excessos do quarteto nos bastidores da turnê de 1972 pelos Estados Unidos) - é uma espécie de testamento do poder dos sentimentos, da empatia e da confiança que Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts têm entre si, nos shows.



Shine a Light também inspirou um encontro inédito: a entrevista a seguir, com Keith Richards e Jack White, em frente ao estrondoso incêndio de uma antiga casa nova-iorquina em uma tarde fria e úmida. Nascidos com uma diferença de quase uma vida e algumas revoluções de rock, Richards, 64, e White, 32, jamais haviam conversado tão demoradamente. De fato, White não tinha assistido aos Stones até que o White Stripes abriu dois shows para eles em 2002.

Mas os dois guitarristas logo estavam ligados através do amor mútuo pelo blues e das alegrias espontâneas de tocar ao vivo.

"É como descrever as pirâmides para quem jamais as viu", responde Jack, quando sondado sobre o que sente no meio de um solo incendiário de guitarra.

"Enfim, um homem com meu próprio coração", admite Richards, sorrindo. Keith, que após a queda de uma árvore submeteu-se a uma cirurgia cerebral poucos meses antes dos concertos no Beacon, acaba de vez com as dúvidas sobre sua saúde. "Devo estar bem, porque nunca mais consultei médico algum", resmunga alegremente.

Quanto a uma futura temporada de estrada: "Nunca escutei algo sobre não sair em turnê", completa. "Estou dando aos rapazes basicamente um ano de folga. Nada de pressões, mas poderia suspender o salário de todos", acrescenta com uma gargalhada, "e depois ver como eles se sentem".



Keith, o que você achou de Shine a Light?
Richards: Estou assistindo ao que Marty Scorsese vê nos Stones. Nunca estava ciente das câmeras. Uma vez que você começa a trabalhar, precisa dar à platéia o que ela quer e, ao mesmo tempo, satisfazer-se. Não tenho dúvida de que Mick estava bem mais consciente da filmagem. Mas, quando começo, só olho para o Charlie [Watts]. Sempre me espanto com a confusão que acontece a nossa volta - os telões, a tecnologia - que precisa ser coordenada. Mick ama coordenar, mas eu sou egoísta, tenho que ficar numa boa. Não posso tocar preocupado. Subo no palco para ter um pouco de paz e tranqüilidade, porra.



Jack, o que você aprendeu sobre os Stones quando abriu para eles?
White: O quanto eles são bons. Você podia ver o nível de conforto que existe entre eles, no toque da guitarra de Keith ou na maneira de tocar de Ron. Alguém me disse uma vez, logo que comecei - te respeitam muito mais quando você age como se fosse o dono da casa.
Richards: Você podia ter me perguntado isso quando fomos abrir para Bo Diddley, Little Richard e Everly Brothers, em 1963. Aprendi mais naquelas seis semanas do que se tivesse escutado um milhão de discos.



Qual foi a lição básica?
Richards: Habilidade no desempenho e conhecimento de palco - o que funciona e como se sentir confortável sobre ele. Os Everly Brothers eram soberbos toda noite - aquelas harmonias maravilhosas. Acompanhar Bo Diddley foi uma universidade para mim. Quando ele acabava, se sobrassem duas cordas na guitarra, era um milagre. Lá estavam "A Duquesa" (The Duchess, irmã de Diddley) na guitarra e Jerome Green, com uma maraca em cada mão. Meu trabalho era ser o "fiscal" de Jerome. Costumava ir buscá-lo no bar: "É sua vez, parceiro".



Jack, como foi que você e Mick escolheram "Loving Cup"?
White: Mick me chamou. Sugeri seis ou sete canções, que foram derrubadas [risos]. Falamos sobre "Factory Girl" [de Beggars' Banquet, 1968]. Uma outra foi "Shake Your Hips" [de Exile on Main Street]. Aí ele disse: "Loving Cup". Isso foi sensacional - durante anos, nos shows do White Stripes, a gente tocava essa música como trilha, enquanto a multidão deixava as salas. Eu só queria fazer as harmonias com Mick. Não precisava cantar meu próprio verso. Mas então ele me chamou: "Escolha um".



Exile on Main Street foi um álbum importante para você?
White: Não sabia muito sobre ele até que Meg e eu fizemos o primeiro disco do White Stripes [The White Stripes, 1999]. Gravamos o cover de "Stop Breaking Down", mas diretamente de Robert Johnson. Não sabia que fazia parte de Exile. Aftermath [1966] e Beggars Banquet eram os álbuns dos Stones que ouvia. E então me disseram: "Eles também tocam "Stop Breaking Down". Meu companheiro de quarto naquela época - Exile era o disco favorito dele - foi quem me apresentou a música.



Keith, os Stones tocavam canções de Chuck Berry e Bo Diddley desde o começo, mas não interpretavam os bluesmen mais antigos - Robert Johnson e Fred McDowell - até Beggars Banquet e Sticky Fingers (1971).
Richards: Fomos retrocedendo aos poucos. Quando estava curtindo Chuck & Bo, queria saber quem eles ouviam. O que deixava os dois ligados? Quando Chuck Berry começou, ele queria ser Nat "King" Cole. E ele fazia uma imitação boa pra cacete.
White: Quanto mais você observa, vê que estão todos na mesma família - e você é um felizardo por fazer parte dela. A diferença é que não tiravam muitas fotos de Charley Patton; Son House não conseguiu gravar muitos discos. Mas você acaba pegando certas coisas desses caras. De Kokomo Arnold, ganhei o fraseado vocal; de Blind Willie Johnson, foi a slide [guitarra].



Uma seqüência inesquecível em Shine a Light é quando Buddy Guy vem para a canção de Muddy Waters, "Champagne and Reefer". Ele parece pronto para matar, como se aquela não fosse ser apenas uma jam amistosa.
Richards: Esse é o ponto alto do filme e veio soltando fumaça. Sabia: "A noite está começando". Quando ele entrou, todo mundo queria se afastar.



E depois, no final, você deu sua guitarra para ele.
Richards: Aquilo veio direto do fundo da minha mente: "É sua, baby". Com tudo acontecendo naquela noite, pensei: "Este é o meu tributo a Buddy e Muddy e aos outros rapazes que fizeram minha cabeça".



Você se sentiu enganado, Jack, por não poder encontrar e tocar com seus bluesmen favoritos porque a maioria deles já se foi?
White: O problema agora é que se você quer trabalhar com alguém, você o faz em uma dessas compilações ou tributos. Ano passado me perguntaram: "Você quer tocar com Jerry Lee Lewis?" Era para um desses álbuns. Claro que quero tocar com Jerry Lee Lewis, mas não desse jeito. Quero que aconteça algo em que ambos possam retirar alguma coisa positiva da experiência.



Os Stones fazem filmes-concertos desde os anos 60. Você assistiu a alguns grandes filmes quando era rapaz, Keith?
Richards: Jazz on a Summer's Day [de Bert Stern, de 1960, sobre o Newport Jazz Festival de 1958]. As cenas de Chuck Berry que impressionaram: seus movimentos e o desdém da banda de jazz que o acompanhava. Maravilhoso. Chuck vestia esse imenso casaco. Iluminado de baixo, parecia o diabo.



Jack, você assistiu a filmes dos Stones como Gimme Shelter e Ladies and Gentlemen, The Rolling Stones quando era bem jovem?
White: Vi Gimme Shelter. Em uma casa onde morei, tínhamos uma cópia granulada de Cocksucker Blues. Mas só assistimos umas poucas vezes [risos]. Existe uma cópia decente desse filme? Gostaria de saber.
Richards: Consegui todos os filmes dos Stones no nosso escritório. Mas só queria ver Cocksucker Blues.


Que é mais famoso pelas cenas de sexo e drogas e pelo fato de jamais ter sido lançado. Achei umas partes dele entediantes. Talvez o deboche só seja interessante enquanto você faz.
Richards: Os verdadeiros pontos altos são os shows. O resto é uma trituração maçante. As pessoas sentem um prazer perverso com isso. Minha memória dessa época é um pouco nublada, é por isso que o revejo tanto [sorri], para poder lembrar do que me aconteceu. O monumento ao junkie desconhecido é uma das melhores partes. Não havia nenhum envolvimento nosso em fazer Cocksucker Blues. Ficamos acostumados com os caras andando ao nosso redor, pelo quarto de todo mundo. Você apenas continuava no que já estava fazendo.



Você realmente gostou de Cocksucker, Jack?
Richards: Quase que o faz desistir da idéia de ter uma banda [risos].
White: Tinha mais perguntas do que opiniões. Queria saber de onde tinha vindo, por que nunca foi lançado. Mas adorava aquele mistério dos bastidores. Hoje é bem pior, mais entediante ainda.
Richards: As pessoas têm cronogramas e horários. A hora do show nos anos 70 era quando eu acordava. Não tinha nada a ver com o que dizia no ingresso.



Jack, você acha que nasceu tarde demais? Que você perdeu uma época em que entrar para uma banda de rock era como fugir com o circo?
White: não tive esse tipo de sonhos de estrela do rock. Só queria tocar em clubes menores, mesmo quando já podia encher os maiores. Para conseguir o astral e a vibração certa, você tem que mirar baixo. Os Stones têm feito shows em muitos clubes nos últimos anos. Estou certo de que a vibração é outra.
Richards: Minha sina é estar em uma turnê. É por isso que adorei trabalhar com os X-Pensive Winos [nos anos 80]. Tinha que colocar tudo em uma mala só. Chamávamos isso de EMG: "Everything Must Go" [Tem que caber tudo]. Viajávamos de ônibus. Não fazia isso há um tempão.
White: Assisti aos Winos quando era adolescente. Trabalhei no Fox Theater, em Detroit. Tive uma hora de descanso e consegui ver o show.
Richards: Era tão solto como o que Jack faz com o Stripes agora. Como a gente abria? Sentávamos em frente do kit da bateria e fumávamos unzinho. Toda a platéia podia ver aquela brasinha mudando de mão. Você sentia o astral e sabia o momento certo - "Ok, vamos arrebentar". Começávamos com uma canção diferente a cada noite. Era bem mais interessante do que a queima de fogos de artifício.



Há uma cena em Shine a Light de Dick Cavett entrevistando Mick nos bastidores, em 1972. Cavett pergunta: "Você consegue se imaginar fazendo a mesma coisa aos 60 anos?". E Mick responde: "Sim, facilmente".
White: É por causa do blues. Se você está enraizado nele, melhora quanto mais você o faz.
Richards: A percepção mediana de longevidade supõe que você possa fazer isso dos 18 aos 25 anos, se tiver sorte. Em 1956, rock'n' roll era como calypso, uma novidade. E eles diziam: "Nenhum dos dois vai durar" - sem perceber que toda a música por trás de ambos não era novidade alguma.



Jack, você sempre aceitou sem questionar que poderia fazer isso para sempre?
Richards: Graças a mim, sim!
White: No White Stripes, pensamos: "Se pudermos encontrar 100 pessoas em cada cidade para manter a coisa em movimento, não vamos precisar trabalhar durante o dia". Se você ama tudo isso pelo que é, o resto vem como um bônus.
Richards: Ele não deveria parar [gesticula na direção de White]. É um homem bom.



Apesar da diferença de gerações, o blues moldou a vida de vocês quase da mesma maneira.
White: Quando você vê alguém tocar, sabe na hora se pode ou não se conectar com ele. Você sabe que é da mesma família. E [apontando para Keith] acho que você é. Você me pergunta se perdi algo. Nasci na geração errada porque não pude tocar com Muddy? Eu posso tocar com os filhos dele. E depois disso virão os netos.
Richards: Adoro escutar música - pela pura beleza de escutá-la - desde antes de aprender a tocar um instrumento. E descubro, de certa maneira, que maculei essa graça, pois agora sei como certas coisas são feitas. Mas, irmão, agora você fez um acordo. A única coisa que você pode fazer é passar isso adiante.


White: É assim que o filme devia se chamar - Passe Adiante (Pass It On).
Richards: Não, isso é para a lápide: Ele Passou Adiante (He passed It On).





Mick Jagger


Sobre o desafio de se apresentar ao vivo - e o problema com diretores de filmes

Por Brian Hiatt


Qual a diferença entre os Stones que vemos neste filme e os Stones de, digamos& 1972?
Estamos muito mais velhos [risos]! Ainda canto as mesmas velhas canções, você sabe... Só que é um modo mais maduro de tocar, talvez com menos afetação. Naquela época, a banda era muito inconsistente. Numa noite fazia um show fantástico, aquele puta barulho, e era incrível. Na noite seguinte vinha uma apresentação terrível, ritmos totalmente errados - rápido demais ou muito lentos... Um acidente após o outro. Agora, é um grupo com um desempenho muito mais consistente.



Hoje, no palco, você parece estar ainda mais inquieto fisicamente do que antes. Como pode?
Pra mim, o problema é que você necessita certa quantidade de disposição, oxigênio e condicionamento físico só para cantar. Então, se abusa da dança, não sobra nada para cantar. Em algumas noites, não alcanço as notas porque exagerei fisicamente.



Como você se sentiu vendo aqueles longos e intensos close-ups em você?
Sinto que foi um pouco demais. Mas diretores sempre gostam de usar as músicas lentas para obter essas cenas prolongadas. Não me importei muito. Tedioso. Não ficou muito bom.



Seu desempenho em "Far Away Eyes" é realmente extravagante e engraçado - é um lembrete do quanto você atua?
Todas essas canções têm seus personagens. E são todos diferentes. Essa é a "coisa" dos Stones: um monte de outras facetas, o que os torna um tanto interessantes. Não estão presos ao padrão classic-rock, na verdade.



Se você fosse forçado a definir especificamente aquele personagem...
Ah! Não me force, pelo amor de Deus [risos]! Não me force a intelectualizar isso. Apenas atuo. Fiz esse tipo de personagem em umas duas canções - bem no início da carreira, como "Dear Doctor" e outras.



Há sempre uma persona em suas interpretações?

Ah, não. Às vezes está mais perto da sua própria personalidade. Mas não sei como isso funciona para outros cantores. As pessoas esperam que o rock seja real, sincero e profundo - não se espera que seja produzido. Na música pop se permite algumas tolices, e ninguém se importa. O rock tem seu próprio conjunto de convenções, mas aí você precisa sair delas, porque senão fica preso em uma única imagem.



Buddy Guy parecia bem agressivo e competitivo ao seu lado, enquanto você tocava gaita. Mas você não parece nada intimidado com isso.
Não me intimido. Talvez quando tinha 20 anos. Acho que nem mesmo nessa idade.



Existe alguém que possa intimidar você no palco?
Não [ri].



Você lembra quais os primeiros filmes que "mexeram" com você na sua infância?
Minha mãe amava os musicais e me levava a todos - nunca gostei. Ela adorava Doris Day, Judy Garland. Então, era arrastado para esse tipo de filmes.



Lembro-me de ter lido que você e Keith gostaram muito de Jazz on a Summer's Day, filmado no Newport Jazz Festival em 1958.
Esse foi um grande filme, seminal para muita gente, inclusive para alguns cineastas. Tivemos um bate-papo sobre Jazz on a Summer's Day com Marty [Scorsese]. É o registro de uma noite única e especial e tem uma sensação suave, você vê a platéia dançando, romântica e levemente embriagada. Foi a primeira vez que vi uma performance ao vivo de Chuck Berry. É muito estranho, porque ele parece ser humilhado pelos outros músicos. Porque ele não é do "jazz", algo que a gente experimentou de monte quando começamos... Ser desprezado por músicos de jazz.



O que impressionou você na performance ao vivo dele?
Lembro de falar com Keith sobre isso - fiquei impressionado com o tamanho das mãos dele, imensas. Olhava para as minhas mãos na guitarra e, Jesus, é tão fácil para ele. Lá estou eu tentando esticá-las, e Chuck nem se importa. Fiquei assombrado com a fluidez dele.



Vou ler outra citação sua...

Deus, você esteve fuçando por aí. Sai fora da porra do Google [risos]!



Em um momento dos anos 60, você disse: "Não somos comediantes, não vamos fazer um filme dos Beatles". O que você achava dos filmes dos Beatles - Os Reis do iê iê iê (1964), Help (1965)?
Não podia ver os Stones fazendo qualquer coisa como aquilo. Parecia um pouco idiota para meu gosto cinematográfico. John era o tipo de pessoa muito séria de muitas maneiras. Eram um pouco exagerados, todos aqueles cortes e a trama da coisa.



Os Stones fizeram tantos filmes. Você é capaz de assistir a Gimme Shelter, por exemplo?
Nunca escuto nada, nunca ouço nenhum dos discos [dos Stones] e nunca assisto a nenhum dos filmes. Não volto para casa à noite e coloco Gimme Shelter para rodar, pode apostar.



Alguma chance de vocês finalmente lançarem Cocksucker Blues?
Não me importaria de lançá-lo. É ótimo, na verdade.



Como você o vê hoje em dia?
É um clássico. Quis fazer esse tipo de filme, mas o diretor vai lá e fode tudo, não quer cumprir o combinado. Eu disse: "Você pode fazer esse filme dark, mas tem que ter esses outros momentos para cima, porque estar em turnê tem tudo a ver com subir ao palco, sabe? O que você come no café-da-manhã é fascinante, as drogas que você toma e as garotas que você pega - isso tudo é adorável. Mas, para nós, estar no palco é a parte mais importante e você precisa incluir isso". E então fiquei louco com o cara e o despedi. Esse é o tipo de problema que você pode ter quando contrata diretores de cinema.





Martin Scorsese

"Os Stones Salvaram Minha Mente"

Por Peter Travers



Você realizou documentários sobre o blues, The Band, Bob Dylan e em breve, Marley. Agora pegou os Stones no palco em Shine a Light. Cantar no chuveiro não basta?
Não penso assim [risos]. Minha vontade era a de criar música, mas só o que posso fazer é juntar imagens e sons.



Qual é sua primeira lembrança dos Rolling Stones?
Era 1965. Dirigia na Long Island Expressway e, de repente, dos alto-falantes saíram os riffs de abertura de "Satisfaction". E a forte impressão da voz de Mick Jagger, depois a letra, a força motriz e a natureza cruel da canção. Tive que parar e procurar outras músicas deles. A voz de Jagger tem o som de um instrumento musical. Na minha cabeça, imaginava movimentos de câmera e truques de edição. Muito dessa energia implacável deles está em Mean Streets (Caminhos Perigosos, 1973) e em Taxi Driver (1976). Os Stones faziam a música que eu escutava.



Quem teve a idéia de Shine a Light?
Jagger queria documentar a turnê A Bigger Bang. Seria um evento - mais de 1 milhão de pessoas e 50 câmeras, na praia do Rio de Janeiro - e eu pensava em filmá-lo em IMAX 3-D.



E como foi levar essa estrutura para o Beacon Theatre, em Manhattan?
Faço tudo melhor em locais menores, onde você pode realmente vê-los em ação.

Há pouquíssima história no filme, o oposto de No Direction Home (sobre Bob Dylan, 2005) e The Last Waltz (sobre a The Band, de 1978).
Os Stones são a banda mais filmada da história. Tive de ficar dizendo para todos que "a história dos Rolling Stones está exatamente no palco, bem ali na cara deles, no jeito que Mick se move e na maneira que Keith maneja sua guitarra, na forma que Charlie Watts toca bateria ou Ron Wood funciona com a banda. Por que não vemos como eles interagem no palco? Talvez sejamos totalmente envolvidos por essa euforia primal".



O Beacon é um espaço pequeno, mas você tem câmeras movimentando-se por toda a sua extensão.
Isso foi vital. Adicionei o elemento extra da surpresa por ter as câmeras movimentando-se, seguindo e dando closes ao mesmo tempo. Em ensaios, nos certificamos de que eles não iam colidir com as câmeras, gruas e dollys para que não se machucassem. Os ensaios, na verdade, eram sobre posicionamentos, não da música - é por isso que há a piada com o Mick, sobre o que eles vão tocar.



Você e Jagger bateram cabeça sobre essa recusa dele em te fornecer o set list (relação das músicas).
Até que ele "sentisse" a platéia, ele não decidiria. É como o cara que faz prognósticos de apostas, aquele que não aposta, mas sente a temperatura e as probabilidades da corrida. Jagger faz isso. Ele sente a vibração. E assim a canção de abertura é escolhida no último instante. Meu problema é que quando estou filmando, gosto de reclamar - reclamo constantemente - mas de Taxi Driver em diante aprendi a ver humor nas coisas.



Como os outros Stones reagiram?
Tentei explicar certas coisas. Não sei se eles [as] entenderam. Keith disse: "Vou fazer qualquer coisa que você quiser". Mas ele fez o que queria. Então comentei: "Keith, se você quiser ir até a frente do palco e ficar pendurado na beirada, tudo bem, a gente te encontra". Você não diz aos Rolling Stones como se movimentar.



Isso levanta a platéia. E não é um público qualquer: ali estão os Clinton, podemos ver Hillary apresentando sua mãe aos Stones.
Eu sei [risos]. Isso foi interessante, porque a maioria da platéia era da Fundação Clinton e isso é um universo muito específico. Na segunda noite foi diferente: os Clinton não estavam. Eu fui do lado de fora filmar os fãs que esperaram dias para conseguir os ingressos.



Quantos shows você filmou?
Dois.



A maior parte do que vemos em Shine a Light é do segundo?
Sim. Em vez de "Start Me Up", eles abriram com "Jumpin' Jack Flash" na segunda noite. E daí por diante decolou. Subiu como um relâmpago e aconteceu de nós conseguirmos capturar isso.



O fato de ser um concerto beneficente explica certos cortes nas letras?
Essa foi uma decisão da banda, foi o jeito que eles tocaram e não mencionei nada a esse respeito. Nós tivemos, sim, a palavra de quatro letras que começa com F.



Quantos "Foda" vocês tinham permissão para dizer, pela classificação?
Tínhamos permissão para dois. Buddy "Motherfucking" Guy teve o "motherfucking" retirado na edição. Tentamos argumentar que faz parte da maneira como ele é conhecido, o "Fodão". Mas perdemos a parada e mixamos um toque de bateria por cima.



Como funciona o fator idade? Todos os Stones são sessentões.
Os Stones exibem sua idade com elegância. Você nota claramente isso, no final. Em especial durante "Satisfaction". Dá para ver isso no rosto de Mick e em Keith apoiando-se firmemente em sua guitarra, tentando recuperar o fôlego. Eles dão tudo de si e fazem você pensar na natureza do rock'n'roll, nos 40 anos de história da banda.



Foi você quem fez pressão para Keith cantar "You Got the Silver"?
Absolutamente. E ele nem toca um instrumento, é Ronnie na guitarra. Acho que foi muito comovente, como um poema. Imagine voltar no tempo e ser um xamã, levantando-se para contar uma história, através de sons. E os sons são música, certamente nossa primeira forma de comunicação, antes da linguagem e dos desenhos nas cavernas. Há algo extremamente roots na maneira como ele interpreta a canção.



Keith Richards não se opôs a cantar sem a guitarra?
Não que eu saiba. Pode até ter reclamado, mas não notei [risos]. Provavelmente não entendi porra nenhuma que ele disse.



No filme, você utiliza entrevistas com os Stones - não que você conduziu, mas umas bem antigas. Por quê?
Para dar uma idéia da história deles. Todo esse tumulto, todo o circo, o viver e morrer que acontece em uma vida, no final das contas, desaparece. Tantos filmes maravilhosos foram feitos sobre os Stones, desde o básico - One Plus One (1968), de [Jean-Luc] Godard, sobre a real composição de Sympathy for the Devil, até o Gimme Shelter, de [Albert] Maysles, em que a música é quase coadjuvante da tragédia de Altamont. Há ainda a rebelião no Cocksucker Blues, de Robert Frank, e toda a alegria de Let's Spend the Night Together (1983), de Hal Ashby. Queria apagar essa lembrança em Shine a Light até restar apenas o que começou tudo isso: a música.



O que fez os Stones durarem mais do que qualquer outra banda de rock?
A maneira de tocar sua música e a resposta da platéia são o que mantém a banda na ativa. Há a energia da vida neles, que é desafiadora e muito bonita.





Publicado na edição impressa da Rolling Stone nº20, Maio 2008 - capa: Fernando Gabeira - Matéria de Capa c/ Devidos Créditos.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A Canção do Leão... Epílogo: A Redenção



A redenção do Leão



Wimoweh tem 65 anos e continua ativa.

Estima-se que foram realizadas 160 gravações das três versões, 10 filmes e uns 20 comerciais.

O que significa tudo isso em direitos autorais e lucros? O que aconteceu com a família de Salomon Linda, que morreu na miséria e foi enterrado numa vala comum sem ver um centavo desses milhões?



Mbube/ Wimoweh gerou US$ 72 milhões em royalties.

Em 1989, a disputa pelos direitos de The Lion sleeps tonight entre a Organização Richmond, editores dos Weavers, e Weiss, o maestro da letra em inglês, entra em tribunal de NY.

O juiz declara a adaptação de Weiss uma composição separada e diferente da de Linda. Como pode?

Enquanto a Organização continua a incluir o Espólio da Família Linda como depositário dos royalties a receber por Mbube e Wimwoeh, ela não tem direitos sobre a adaptação registrada por Weiss. A versão utilizada pela Disney.

Hoje, 42 anos depois da morte do pai e vivendo na pobreza em Sowetto, suas filhas começam a receber um adicional.

Uma centenária lei inglesa de direitos autorais declara que todos os direitos de uma canção revertem para a família do autor 25 anos após sua morte. A Suprema Corte da África do Sul designou um promotor para cuidar do espólio e tentar recuperar esses direitos. A lei também enquadrou a gravadora original, a Gallo, que colocou advogados para cuidar do caso e certificar-se que justiça seja feita no espólio do Leão.

Ninguém tinha obrigação legal nem contrato com o cantor zulu, ninguém nunca se preocupou com Solomon. Para todos os efeitos, era apenas uma canção antiga da África.

E parece que nem Solomon se preocupava com essas coisas.

Mbube tornou-o uma lenda na cultura Zulu e ser uma lenda era um destino glorioso sob alguns aspectos.

Todos acenavam para Linda nas ruas, pagavam-lhe drinks e refeições. Era chamado para apresentações especiais, ganhava o suficiente para comprar ternos e sapatos para trabalhar, casar de novo e comprar uma vitrola para seus compatriotas escutarem seus discos numa cabana de sapé em Msinga.

A maior parte do dinheiro vinha dos desafios, ainda hoje parte da vida urbana. Todo fim de semana, Solly e os rouxinóis alugavam um carro e iam de cidade em cidade, sempre vitoriosos.

Os rivais tentavam de tudo, até poções, para torna suas vozes tão potentes quanto a de Solly. Sem sucesso.

Os Evening Birds subiam no palco e cantavam até o êxtase. A platéia enlouquecia com tamanha energia em festas que varavam a madrugada.

Cego pela adulação que recebia na África, nem se perturbou quando seu Leão chegou as paradas mundiais.

Quando Wimoweh começou a escalada de sucesso, fama e fortuna nos EUA, ainda tirou um sorriso dos lábios de um Solomon doente desde 59, quando desmaiara no palco.

Solly morreu em Outubro de 62.

- Ele ficou feliz, apenas feliz - disse Philda, uma de suas filhas - Nem sabia se devia receber alguma coisa por Mbube.

De sua grande família, restam três filhas, unidas após a morte da mais velha, de Aids em 2002.

Desde que os direitos autorais passaram para a família, um promotor público está processando a Disney, o conglomerado mais ativo no uso da canção.

Dos incalculáveis milhões que lhes são devidos, 15 milhões somente em solo africano, receberam 15 mil dólares até hoje. E um cheque de mil dólares, enviado por Seeger.

Delphi, Elizabeth e Philda ainda vivem numa favela urbana de Soweto.

Demoraram 18 anos para colocar uma lápide na cova comum do pai, que em uma tarde de 1939, foi visitado por anjos em um estúdio de Joanesburgo.



Happy End?



Howie Richmond publicou Stones e Pink Floyd por um tempo. É bilionário.

Peretti, falecido, sempre ganhou uns 10% do que Richmond faturava. Portanto...

Creatore aposentou-se e vive dos royalties de muitos sucessos no seu currículo. Weiss? É um compositor de sucesso no cinema e musicais, vivendo entre as dezenas propriedades que possui pelo mundo.



Repeteco das lendas Robert Johnson, Leadbelly e Willie Dixon (lembra de Whole Lotta Love?) ou apenas um bando de sofisticados predadores do Sistema, brigando pela autoria da musica mais famosa a emergir da África, criação de um zulu ingênuo até a medula?


Links:

http://vintage69.blogspot.com/2006/10/incrvel-e-triste-histria-de-solomon_14.html

versões - covers on u-tube...

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://i.ytimg.com/vi/09SXTH699xE/0.jpg&imgrefurl=http://www.xbox360videos.com/index.php%3Fkey%3Dwimoweh&usg=__B1Bh5hGBGbvL3P4Mu7aHZfJo9aw=&h=358&w=480&sz=15&hl=pt-BR&start=46&itbs=1&tbnid=qWnACosTqMRLtM:&tbnh=96&tbnw=129&prev=/images%3Fq%3DSolomon%2BLinda%26start%3D40%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26gbv%3D2%26ndsp%3D20%26tbs%3Disch:1

time passages of Linda:

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.pbs.org/independentlens/lionstrail/images/nav_trail.gif&imgrefurl=http://www.pbs.org/independentlens/lionstrail/trail.html&usg=__ypglVYfu95aqpX0w-zBDgWqXjd8=&h=201&w=149&sz=3&hl=pt-BR&start=56&itbs=1&tbnid=_iDqNvfrKmrIlM:&tbnh=104&tbnw=77&prev=/images%3Fq%3DSolomon%2BLinda%26start%3D40%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26gbv%3D2%26ndsp%3D20%26tbs%3Disch:1

Download the song (in a 2009 mix-compilation:

http://www.mediafire.com/?1iygyytzfm4

www.last.fm/.../_/Mbube

http://www.amazon.com/Rough-Guide-Music-South-Africa/dp/B000IJ7GNC/ref=sr_1_1?ie=UTF8&s=music&qid=1279763755&sr=1-1

Digite no You Tube: "The Lion Sleeps Tonight", Mbube, Wimwoeh, Weavers, Pete Seeger, The Lion King...


Obrigado, Solomon.

A Canção do Leão... 2ª Parte



2@ Parte: A Incrível e Triste história de Solomon Linda...


Mbombers eram a moda da hora...E o povo adorava.

Se você escuta um original dos Evening Birds, leva um choque com a intensidade vocal, se acha que a capella é só música coral suave e delicada.

O som é tribal, aquela fantástica teia de vozes usadas como instrumento rítmico...

Ao dobrar as vozes graves e injetar mais volume, Solomon criou um estilo novo...Nascia uma estrela!

Ele era o Elvis de seu tempo e espaço.

Era o soprano e líder, cantando num falsetto de arrepiar, a marca registrada da canção do Leão.



Em 1938 os Evening Birds são descobertos e gravam pela primeira vez.

O estúdio é de Eric Gallo, produtor ítalo-americano que começou vendendo discos de hillbilly para a classe trabalhadora. Agora produzia e gravava estilos musicais nos dialetos locais, Africaner, depois Zulu, Xhosa, o que viesse...

Seu sócio Griffith Motsieloa era um gentleman e o primeiro produtor negro da África do Sul. Não entendia o interesse do sócio na cultura musical das favelas, mas fazer o que? Gallo queria vender discos para os negros. Talvez desse certo.

Quando o Afro-hillbilly não pegou, tentou com o Isicathamyia.

Das várias faixas que gravou, a que nos interessa é Mbube, palavra zulu para Leão.

Receberam 10 shillings em dinheiro e Gallo torna-se o dono dos direitos autorais.

São três acordes básicos, sobre algo sem nexo como Leão! Ei! Você é um Leão, inspirado na caça as feras que atacavam seu gado.

Começou no improviso e no 3º. Take, Griffith adicionou piano, banjo e guitarra.

Lá estava a música destinada à glória, com algo cativante na melodia central.

Quase no fim da gravação, Solly respirou profundamente e soltou o falsetto na melodia de 15 notas que o mundo hoje associa às palavras “Na selva, na poderosa selva, o Leão dorme esta noite”.

Motsieloa sacou no ato que Mbube era especial. Enviou a matriz à Londres, que prensou discos de 78 rotações, chegando às lojas no dia que a Polônia foi invadida.

Havia poucas rádios negras em 39 e Mbube foi veiculada de boca a boca pelos ouvintes de estações comunitárias dos subúrbios.

Mbube explode e vende bem durante anos: Foi re-prensada tantas vezes que o master desintegrou!

E assim Solomon Linda torna-se o imbatível campeão de desafios, um herói para os Zulus. Em 1948 já vendera 100.000 cópias! Só em Pretoria, Soweto e Joanesburgo.

Mas O Leão não pertencia mais a Solomon.

Fora capturado pelo civilizado homem branco.



A captura do Leão



Do outro lado do mundo, em Greenwich Village, o cantor e tocador de banjo Pete Seeger estava na pior. Desempregado, vivia num quarto de quinta com mulher e dois filhos.

De família rica de NY, abandonara Harvard e caíra na estrada com seu banjo. Pesquisara o cancioneiro folk e a música de protesto social surgida da Depressão nos campos de trabalho da América.

Em NY, juntou-se a banda de Woodie Gurthrie, a Lenda.

Vestiam-se como os trabalhadores desempregados: camisas básicas de trabalho e jeans surrados. Escreviam canções de protesto, sucesso entre a derrotada classe operária.

No violão de Gurthrie, um slogan gravado: Esta máquina mata fascistas.

No banjo de Pete, a versão soft: Esta maquina cerca o ódio e o força a render-se. Era o protótipo hippie.

Quando Hitler invade a Rússia, começam a escrever canções antinazistas e ganham uma certa fama.

Convocado, Seeger vai tocar seu banjo no front. Dispensado em 45, sai pelas universidades e escolas ensinando música folclórica americana.

Não era o máximo da vida. E o dinheiro pouco. Pra completar, contrai pneumonia. Eis que Alan Lomax, um amigo, bate em sua porta. Lomax e pai já eram famosos por coletar pérolas da musica negra rural

Descobriram Leadbelly e Muddy Waters em suas andanças.

Agora estava na Decca, onde resgatara do lixo um pacote de discos de uma obscura gravadora africana, enviados na esperança de que fossem publicados na América pela gravadora.

Quando escutou os discos, pensou...”Meu Deus! Pete tem que ouvir isso!”.

Um deles era Mbube.

Impressionou-se com o ritmo selvagem e alegre, um falsetto incrível cortando o ar, vozes graves fazendo os baixos...Wow!

Ele podia cantar assim. Caneta e papel na mão, transcreveu tudo.

Não entendia bem as palavras. Cantavam algo como “Uyimbube, Uyimbube”. Parecia com Wimo-weh. E foi o que escreveu.

Começou a ensaiar Wimo-weh, sua canção favorita durante 40 anos, com a nova banda folk, The Weavers.

A canção ilumina seu repertório de velharias, na linha de Greensleves.



Pete estava cansado de viver na dureza.

Queria uma carreira, sucesso, sustentar a família.

Conseguira emprego numa estação de TV, mas fora dispensado antes de começar, dedado como agitador radical...

As coisas iam de mal a pior até conseguirem uns shows no Vanguard Village.

Duzentos dólares por semana, comida e bebida de graça durante duas semanas.

E então, algo inexplicável acontece: multidões lotam os shows, a temporada vai para um mês, depois outro e mais outro...

O sucesso dos Weavers era inexplicável. Canções que estavam ali há décadas, cantadas por negros e imigrantes...mas jamais faziam “aquele” sucesso.

Seis meses depois ainda lotavam o Vanguard. Até a granfinada de Times Square aparecia.

Uma dessas figuras era Gordon Jenkins, músico de jazz, arranjador de Benny Goodman e maestro de Sinatra.

diretor musical da Decca Records.

Adorou o show, que viu várias vezes e resolveu bancar a gravação de um disco.

Gravaram a primeira faixa em 1950, Goodnight Irene, canção de Leadbelly, amigo e mestre de Seeger. Sucesso imediato!

No lado b, Tzena, Tzena, Tzena, canção Israelita adaptada que também emplacou. Como também The Roving Kind, releitura do séc. XIX que chegou a terceiro.

Saíram do circuito alternativo para a baba dos cassinos e clubes da época. Vestiam ternos caros, usavam Brylcream nos cabelos, estavam na TV, rádios, faturando mais de três mil dólares por semana. Para os antigos camaradas de esquerda não passavam de hipócritas sugando a cultura negra...

Sua resposta foi Wimoweh, fiel ao original a não ser pelo dedilhado de Seeger no banjo.

A prova de fogo era o vocal, que ele fazia na perfeição, usando as cordas vocais com tamanho esforço que estava quase mudo aos 75 anos!

Wimoweh era a “quente” do repertório, o que talvez explique a espera de um ano para gravá-la, quando já era sucesso em shows e tv.

Jenkins produziu e incluiu orquestra.

Seu arranjo tipo big band quase apaga o esplendor da canção original. Trombones, trumpetes e cordas afundando a bela canção de Solomon.

Mas Pete entregou-se de tal maneira que Wimoweh pegou de jeito e entrou nas paradas.

Diferente de tudo o que fizeram, a Bilboard adorou, elegendo-a canção da semana. Vai estourar! na capa da Cash Box . Primeira página da Variety: In-crí-vel!

Sucesso, aqui vou eu...Mas os direitos, registrados pelos editores, Richmond & Brackman não incluíam Solomon.



Enlouquecida e paranóica, a América de 52 caçava Comunistas até debaixo da cama. Listas eram publicadas, empregos perdidos, celebridades delatadas e intimadas.

Em Washington, um antigo camarada de Seeger abria o bico no Comitê de Atividades Anti-Americanas.

Trabalhara com ele na organização esquerdista a Canção do Povo, fornecendo cantores para entreter camaradas em manifestações políticas. Estava entregando tudo.

Wimoweh estreava na parada de sucessos e ele contava que os comunistas aproveitavam-se da ingenuidade sexual da juventude americana para recrutá-la para o movimento. E mais: ele conhecia todos os envolvidos! Eram os Weavers, incluindo Pete Seeger!

A imprensa marrom enlouqueceu. Repórteres caem matando na gravadora, fazendo pressão nas TVs, revistas e nos clubes: Vocês estão promovendo comunistas! Isso é antiamericano!



Daí pra frente tudo deu errado. Shows e aparições na tv cancelados, discos banidos, intimações...E Wimoweh vai do sexto lugar para o esquecimento.

Ninguém quer saber dos Weavers, comunistas!

A Decca cai fora e até o fim do ano, Seeger volta ao começo, ensinando música folclórica para crianças a troco de merrecas e morando em espeluncas.



Os Weavers estavam mortos, mas Wimoweh sobrevive.

A música miraculosa de Solomon atraiu cobras do Jazz como Jimmy Dorsey, que fez um cover em 52.

A deusa Yma Sumac provocaria frisson com sua versão cocktail lounge.

Foi incluída num álbum do Kingston Trio que permanece 178 semanas consecutivas no segundo lugar!

Considerando que Thriller de Michael Jackson, o single, ficou 50 semanas entre o primeiro e segundo posto...



Por essa época, o refrão de Wimoweh ecoava nas rádios da América. Qualquer adolescente conhecia os versos, ah-wim-ô-uei, ah-wim-ô-uei...

Mbube, o sucesso adaptado por Seeger nas rádios, pelo qual Linda não recebia direitos autorais.

Na África, ninguém se preocupava em registrar músicas. Você vendia, comia e pagava as suas dívidas e os direitos eram de quem comprava. Ponto final. E se fosse um negro nativo...



Em 61 a canção é re-adaptada por Creatore e Peretti, veteranos do showbiz e por um maestro graduado em Julliard, George D. Weiss (co-autor de Can’t help falling in Love with you, gravada por Elvis).

Mantém o contracanto com a melodia de Solomon assumindo o centro do palco e ganhando letra em inglês: In the jungle, the mighty jungle, The Lion sleeps tonight.

The Lion era remake de Wimoweh que era um remake de Mbube!

Enterrada sobre camadas de estilos pop-rock, era Mbube em nova versão gravada pelos Tokens, como um King Kong escondido dentro de um bloco de gelo cristalino...

Weiss adicionou tambores tribais, cantora de ópera, guitarra, baixo, e uma sinfônica. A RCA editou-a no lado B de uma insossa música chamada Tina, que afundou como prego na água.



Meses depois é resgatada ao acaso por um DJ da WORC, rolando direto na programação.

Estoura de novo e no fim de 61 é a campeã em quatro paradas dos EUA!

Brian Wilson quase bate o carro quando a escuta no rádio.

Arranca um motherfucker dos lábios de Carole King, compositora de sucessos.



Em um mês é 1º lugar na parada inglesa na voz do desconhecido Karl Denver. Em 62 era cabeça de qualquer parada do globo!

Miriam Makeba cantou-a no aniversário de JFK, antes de Marilyn sussurrar ao microfone Happy Birthday, Mr President.

Tocou na plataforma de lançamento da Appolo.

Foi interpretada pelos Springfields, Spinners e Tremeloes. Volta em 73 com

Robert John, o blues man branco.

Retorna às paradas em 82, cover do Tight Fit.

Quem mais? REM, The Nylons, They might be giants, Manu Dibango e até grupo de heavy metal alemão.

Sem contar a trilha sonora de Ace Ventura: Um detetive diferente.

Foi quando a Disney incluiu-a na trilha sonora de O Rei Leão.

Depois que o filme estourou, usou-a nas montagens da Broadway, que deu a volta ao mundo.

Foi lançado em dvd, vídeo e no cd-bônus de cantigas tradicionais que vinha com o vídeo americano, ganhador de um disco de Ouro.

A cena? Explicando o astral Hakuna Matata a Simba, Timon entoa um In the jungle, the might jungle...quando retornam a floresta.

Fim 2ª Parte - A Seguir... A redenção do Leão

A Canção do Leão...Ou a Incrível e Triste história de Solomon Linda e seus desalmados exploradores




No inverno de 2004, li 3 artigos em diferentes midias sobre um fato singular, impressionante e revoltante, as well. Fiquei totalmente possuído pela história real de Solomon Linda, Zulu que compôs uma canção iluminada (que o mundo todo já escutou e conhece muito bem...), enriqueceu o homem branco com dinheiro, fama e gloria e que morreu tão pobre que nem lápide a família pode colocar no túmulo.

Esse texto é uma homenagem a Solomon Linda, o líder do grupo vocal (Doo-Wop style) Evening Bird. Traduzi, poéticamente, todos os textos que tive acesso sobre O Evening Bird da minha canção de infância, aquela sequência mágica de 15 notas.

Li tudo que pude: uma matéria maravilhosa e detalhada de Brian Malan, In The Jungle (Rolling Stone issue 841, May, 2000) que fazia parte da edição citada da RS americana trazendo, ironicamente, Britney Spears ("Wants You!") no auge do recém sucesso de vendas e público, ainda "The Instant Darling of America".

Li outra matéria muito boa online, no site francês rockbo.lautre.net, um numa Esquire americana de 2001 falando sobre a evolução do processo aberto pela família de Solomon para o reembolso dos royalties devidos lá pela casa das centenas de milhões de verdinhas e uma homenagem a Salomon feita pela TimeOut inglêsa pela época do lançamento do mega desenho animado do Rei Leão em DVD, que tem Mbube, a canção do leão, em sua trilha.

Juntei tudo isso, bati no liquidificador e montei essa tradução poética (tanto quanto a do King Edward), num sensibilizado tributo ao cantor e compositor Zulu.

A matéria In the Jungle de Malan, eu li de uma tacada só, estupefato, breathless, com a espoliação descarada do homem branco colonizador sempre chupando seu estoque de raízes e sangue direto do continente africano.

Espero que esse texto sensibilize você tanto quanto se aprofundou em minha alma, mente, espírito e claro, corpo, a voz, o instrumento de Linda.

Publico aqui aqui uma pequena introdução, acrescentando uma frase de abertura dita pela Björk, por ocasião do lançamento de seu albúm a capella, Medúllah, naquele ano de 2004.

O texto integral fez parte de minha coluna A Arca do Velho (Histórias do Arco da Velha), na MTV On Line e da primeira edição da revista MTV online, naquele mesmo ano. Ficou no ar por 3 meses on line e sumiu numa das várias mudanças de cara do site da MTV. O resto do texto, publico aqui. Na sequência.

Obrigado, Salomon Linda.


“E se nos desfizéssemos da civilização, da religião, do patriotismo, daquilo que deu errado? Ia chamar o álbum de Tinta, pois queria que fosse como o sangue negro, 5000 anos atrás, que existe dentro de nós... um espírito cheio de paixão e que ainda sobrevive.
Mas escolhi Medúllah, em latim. Não apenas a medula de algo, como dos ossos, do cabelo. Mas obter a essência de alguma coisa.”.


(Bjork, sobre a inspiração de seu cd a cappela, Medúlla, no jornal Independent em 2004, transcrito pela Folha de SP).


A Canção do Leão...Ou a Incrível e Triste história de Solomon Linda e seus desalmados exploradores...

Em 1939 um milagre acontece para um Zulu chamado Solomon Linda, na frente de um microfone no único estúdio de gravação da África.
Abriu a boca e de sua alma brota uma música mágica, escala perfeita de quinze notas que entram pelo microfone nos sulcos de um disco de 78 rotações. A música fez um sucesso danado no continente africano, decola em Londres, segue para a América e se imortaliza: permanece 65 anos nas paradas mundiais, voltando a cada década sob diferentes nomes, formas e disfarces.
O título original no rótulo do disco era Mbube, interpretado por Solomon Linda e os Evening Birds.

Artistas tão diversos como Phish, REM, Glen Campbell, Chet Atkins, Brian Eno, The Nylons e até o maestro brega Bert Kaempfert, a gravaram.
Navajos cantaram-na em celebrações.
Foi hino da equipe inglesa de futebol na abertura da Copa de 86, uma piada!
Hollywood colocou-a nas telas, além de ser até hoje o sucesso mais executado continuamente nas rádios americanas, o airplay.
A composição mais famosa a vir da África penetrou tanto no inconsciente coletivo de tantas gerações, que se pode dizer que é uma canção que o mundo inteiro conhece.
De um jeito ou de outro.

Estava na praia, tomando um mate gelado com limão, sol a quarenta graus e essa música tocando no rádio Zenith da esteira ao lado. Eu tinha sete anos e estava no Posto 6, Copacabana, RJ.

Sua saga multicultural é um compacto da História da Música popular, que entra anêmica no séc. XX e se recupera com transfusões de ragtime, jazz, blues e soul vindo das artérias Africanas.
Na natureza dessa transação, o fato histórico: A África sempre deu mais do que recebeu e acabou na miséria.
Com um artista negro não seria diferente.
Essa história é uma homenagem a Solomon Linda, Zulu que compôs uma canção iluminada, enriqueceu o homem branco com dinheiro e fama e morreu tão pobre, que nem lápide a família pode colocar no túmulo.

Tudo começa com a amizade entre um aristocrata britânico e um cantor afro americano famoso.
Sir Henry B. Lock, da cúpula Colonial Inglesa era amigo de Orpheus McAdoo, do lendário grupo vocal de spirituals, os Virginia Jubilee Singers, desde 1880.
Indicado governador da Cidade do Cabo, nem pisca ao convidar Orpheus e os Jubilee Singers para vir Àfrica, onde cantam para multidões de nativos boquiabertos em cidades e vilinhas de mineração.
Os Spirituals enfeitiçam os nativos, acostumados aos horríveis hinos dos missionários cristãos.
McAdoo era seguidor do gospel, mas havia uma subversão rítmica nas interpretações, prenúncios de funk e soul.


Durante quatro anos, excursionam pelos mais remotos pontos da Àfrica.
Num deles, uma escola no centro de um vale chamado Msinga, vivia Solomon, um garotinho nascido em 1909.
Fascinado com os Jubilees, incorpora seu canto às músicas Zulu que cantava com os amigos em festas.
No começo de 1930, vão a Joanesburgo tentar a sorte.
Moram nas favelas e trabalham como mão de obra barata nas fabricas.
Perplexo com a cidade, o esperto Solly transforma o cotidiano em canções a capella sobre o trabalho, amor e crimes. Sobre como os bancos te roubam, trocando papéis por dinheiro vivo, como a polícia trata mal o Negro...
O povo começa a gostar da música do grupo, que em dois anos é a atração mais quente da cidade. Adotam o terno de três peças, chapéu e sapato bicolor...Chiquérrimo.
Tornam-se Solomon Linda e os Pássaros do Entardecer, pioneiros do gênero Isicathamyia, vocalizações cheias de harmonias e energia, as vozes graves contrapondo as agudas.
A música dos Zulus é marcada por poderosas batidas rítmicas dos pés no chão, que em conjunto fazem a terra tremer. Literalmente.
Essa dança devia ser controlada, mais suave...No sapatinho.
Quem viu o grupo vocal Ladysmith Black Mambazo, intérpretes consagrados do gênero e em especial, de Mbube, lembra dos movimentos insinuantes, da dança dos pés sincronizados.
Existiam legiões desses grupos entre os migrantes, que no fim de semana iam as Tea Parties, encontros regados à cerveja, misto de show e desafio entre corais.
O prêmio em geral era uma vaca ou outro animal.
Eram os Crocodilos, Rapazes Travessos ou Águas ferventes e quando estoura a segunda guerra, denominam-se Mbombers, como os bombardeiros Stukas dos noticiários no cinema.

(Fim Parte 1)



Fontes:

http://www.youtube.com/watch?v=TWdtgwBZ0BM - sobre o Doo Wop.

http://rocbo.lautre.net/spip/article.php3?id_article=213


Esquire, Rolling Stone e Time Out, Verão de 2000

A Lion's Tale , documentário produzido pela South African Broadcasting Company.
www.bizcommunity.com/Article/196/66/1805.html

Where Have All the Flowers Gone (Para onde foram todas as Flores?)
Biografia de Peter Seeger (Sing Out!Publications, 1993, USA)

Escute a original na www.amazon,com
CD: Mbube Roots (Zulu Choral Music from South Africa, 1930's-1960's)
Various Artists - International - Africa









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segunda-feira, 14 de junho de 2010

GêGê, de Grande Grande II


CAIO CARDOSO NEHRING Carregando...12/02/09

Responder CAIO CARDOSO NEHRING para Geraldo
mostrar detalhes 12/02/09


Para os anais (ui, ui, ui) da nossa história:

Curioso: o dono do terreno onde foi construído o Iguatemi era meu primo ou tio, já não me lembro mais, o Mario Zito (irmão do marido da irmã - tia Lourdes - do meu pai, named Zito, um maluco negociante de carros IMportados, caçador amigo do Chico Galvão, que ia pra África fazer safaris, caçar e ainda tinha um urso e um tigre com cabeça e tudo, feito tapetes na sala da lareira e da TV ), que era filho do Dr. Rocha (que também foi pai dos gêmeos Rodrigo e outro q não me lembro o nome, dois riquinhos metidos, 2 b honest, a Maria Luíza, irmã deles sendo a minha primeira paixão e a primeira admiração, a mãe da dupra dinâmica, Dna Iná, uma diva dos anos 60).


Passei muitas férias na casa dele, num terreno de "fantasia", com casa de madeira em árvora 4 the kids, que ia até o rio Pinheiros, praticamente, não havia a marginal. Nadei muito no rio Pinheiros ali na frente do Hebraica. Ia de uma margem a outra, atrás do meu pai, ida e volta. Quanta saúde naqueles dias, saúde de sobra boiando num puro e natural rio Pinheiros, quem diria.
Aqui, como no Tietê, você tinha que se entender com a corrente e aproveitá-la, pela lei natural do mínimo esforço, que você já tinha gasto pra chegar até a outra margem, que era bem distante, mais distante que a do Rio Tietê e o Morumbi, no meu melhor francês, era longe pra caraaaaaaaio, uma mancha do outro lado do rio, a casa do Bandeirante então nem se fala... Era no Haiti, aqui mesmo. E eu nunca aproveitei um insight desses na minha vida normal, que cá entre nós, foi só até o primeiro ano de Iadê, e isso was a long time ago...
Se bem que nadei no Tietê também e isso já dá uma idéia da idade aqui do Véio (que agora tem uma Véia)...
Ia do Floresta ao Tietê em 5 minutos, a nado. E mais dez pra voltar, por que tinha que subir um pouco até a Ponte Pequena pra aproveitar a corrente, quinze, vinte metros acima... o que a gente fazia pela margem do pier do Tietê, de onde saía meu primeiro herói: a equipe de remo do Tietê, afinadissima e tri-ligeira, com seu uniforme vermelho e branco, deslizando a mil pelas águas então puríssimas do Tietê com a Tiradentes...
Sempre aproveitando a corrente, eu queria ser herói, e consegui ser uma espécie de quando me saía superbem em todos os esportes no Arquidiocesano: seja bila ao mastro, basquete e voley, fut sal e até um timido defesa nos menores do temível e danado irmão Leão... E eu era ídolo de muito nego que sofria bullyin' constante dos maiores, dentro dos menores. Quem mudaria isso seria o Vital, meu amigão, companheiro de ginástica olímpica com o Hudson, mas isso é uma outra estória que fica para outra vez. E o dia já vem raiando, GG, and it's Mondat, Monday, the 14th of July, two days after the day you would pass this world and cross the rainbow bridge, of course, havin' the good old Mr. Hendrix playin' 'Hear my train coming', on the edge od a volcano, im Maui, how would u like that?
Nada de marginal a vista... Em todos os sentidos, i also mean... Só o deck do Floresta, o deck do Tietê, o paraíso da minha tia Delly nos fins de semana regados a piquenique nas mesas & fields do Floresta, cestinhas, toalhas, garrafas térmicas modernosas e sungas enroladas em toalhas de banho minúsculas pra não atrapalhar debaixo do braço na hora de subir no elétrico... e os saltos ornamentais do meu Tio João, um verdadeiro Touro saltador que caía com uma agulha na água, e eu, um toruinho que queria ser apenas um bopm nadador e deixar meu pai orgulhoso. O que descobrirei decadas depois que ele era...


O que consta (ou o que meu pai e meu tio Pedro me contou) é que o Mario Zito jogava pesado e acabou perdendo o terreno da Iguatemi, que aliás, só fazia divisa com o Hebraica e o Pinheiros (eu era sócio e estava aprendendo a nadar e a saltar com o Fiore, o seu Lima, antigo ordenhador que era porteiro - amigo - da piscina, o seu Jorge, o cara do vestiário... gente fina, mas sem-pre mal humorado... môsca branca rabugenta).
Vendeu a parte dele (aquilo pra mim era um Big Valley, com direito a Barbra Stanwyck e tudo, a bela esposa do Mário Z., um campo de árvores e floresta baixa que acabava na boca do Pinheirão. Isso lá por 64, 65, and all the chumbo years to come.

Foi então q começou a ser construído o Iguatemi. A única data (que aliás não é data, é ano) que me recordo do início da obra na rua Iguatemi é 66/67, porque meu pai lançou o Gordini 67, trabalhava na Willys e a gente passeava de "novidade" vinho na frente das obras do terreno do Mário Zito e da rua, que estava sendo alargada 3 vezes o seu tamanho original, pra virar a futura Faria Lima... Depois viriam as obras do Shooping, a valorização daqueles Gomeida Fernandes logo ali atrás em cima do estacionamento, o posto do Roberto Carlos, o RoCar... Foi nessa época que peguei hojeriza por jogo. O mardito tirou a fantasia das minhas férias de fim de ano...

E aí surgiu Raul Seixas e seu Ouro de Tolo;


Foi por causa do Iguatemi que os lojistas da Augusta (era o pai do webdesigner q trampou comigo na produção gráfica e edição dos 70 anos da Casa Eurico, whatshisname, gosh...) sentido bairro forraram a Augusta de carpete vermelho, da Santos até a Estados Unidos. E depois ficou lá, até desaparecer... comin' rain or shine...


Me lembro também de ter comemorado a copa de 70 na Augusta, que virou um verdadeiro bacanal... Todo mundo se beijando, todo mundo embramado, nas bramosas que a gente já chamava então de louras, a polícia comemorando com o cidadão comum, a escalada da violência longe de começar.


Acabavam os jogos, a gente ia se dar bem na Augusta... Mil gatinhas maluquinhas e nada manhosas. Free Love, literal rolando nos quadriláteros da Lorena, Tietê, Haddock, Oscar Freire, Bela Cintra e Rbouças, em mil apartamentos e muquifinhos maravilhosos do Beautiful People da época, que em geral era galera que trampava nas lojas HOT dos seventies, o "Jardins" dos Seventies, aquelas Augusta do Drugstore, da Paraphernália e da Bípede, com todas aquelas lojas maravilhosas, e que se incluam aqui Poster Shop, Smuggler, dos gêmeos madmadmen, a Malharia Trappo e a Freedom do Clive e Néride, o portal para a idade de Aquários e seus cachimbos e figurinos Blowout alto Oriente e seus originais kits para meditação.

Esse era o povo que cruzávamos nas bebemorações pós-vitórias da seleção canarinho em 70, Paz e Amor total (e não me deixam mentir Sandro, Joyce, Pedrão, Guto, Maneco, Caco, o meu querido Palhinha long time no see, Paulinho K., Oswaldo, Kalimério, Pinky, Gastão...), aquela Augusta de ponta a ponta até a Paulista uma verdadeira celebração de Baco verde amarela com a teensada perdendo a virgindade ali nas quebradas e casalitos se amassando em cima do capô, tudo regado a vinhos Sangue de boi (de galões, na palhinha), cerveja (meia, a gordinha, no cans), Hercules, Pilsen e garrafas de uísque variadas... uma maconhinha aqui e ali sob o olhar complacente dos guardinhas das joaninhas, q a essa altura já estavam pra lá de Bagdad e não podiam mais dar conta de, doizinhos, prendarem todo aquele bando de alucinados bebados e alegres, inclusive encostados pelas paredes externas do Frevo, q ainda não tinha os banquinhos made in Oscar Freire, na frente das lojas, como hoje se encontra... Era Sodoma e Gomorra solta e feliz aqui mesmo a cores (sim, a TV era colorida, Jarzinho marrom, amarelo e azul.), todo mundo se amando, todo mundo amigo até o fim, as grandes amizades e paixões dos meus 16 anos vendo Made no Vereda... Si, decididamente SP era nossa nesse tempo, GG... Até no medieval eu entrei nessas bebemorações, com a Glorinha, que a boate... comeu!

Revendo datas e datas, descubro que isso aconteceu depois de inaugurado o Iguatemi (reação dos lojistas com red carpet e não exatamente no dia da inauguração como minha memória me contava: Ouro de Tolo do Raulzito foi lançado em 72/73...Nesse dia (do carpete, again e eu deitado na frentre da Hi-Fi, minha mochila de travesseiro, papo pro ar, perna cruzada sobre o carpete, vendo o Raulzito em pessoa acima de mim, no balcão da loja, ou será camarote, empunhando seu violão Gianinni e óculos rayban?) o Raul Seixas deu um show acústico (before the acoustics) da janela do escritório da Hi-Fi do tio "Hélcio", cantando as músicas de seu primeiro disco de sucesso, e Al Capone, e Ouro de Tolo, e Mosca na Sopa etc.

Eu assisti o show esparramadão no carpete, já que naquele dia não circulava carro na Augusta, only pedeastrians.

Só a partir de Domingo, cars up & down. Aquele Sábado rendeu, aliás, festas e mais festas, com direito até a Drive-In em Interlagos, três casais formados no sobe e desce da Augusta, dentro do Galaxy do Severino, quem diria, o Ika. Nosso amigo rico e gente boa.

Mas a tal creperia que vc fala, só viria a existir lá por 73 e acho que era o Rick's Center, do Ricardo Amaral. O Iguatemi já existia há um tempo, a noite ali era tranquilérrimo, nada de confas, nem polícia, nem indesejados, canadenses, etc... E claro, toda noite eu estava lá. Coemdo a crepe de queijo ralado com presunto e tomate ou aquela delixia que era a de Leite Condensado cozinhado, com duas ameixas picadas... No Bixiga, só Catupiry, no Rick's, só leite Moça, genuíno...


A época do primeiro ácido sunshine california, que eu tomei no Rick's e depois fiquei uma hora tirando fotos na cabine automática do minishopping viajandão que só e, rindo até não mais poder. Engraçado que eu era do Pinheiros (clube, não da turma do clube), mas todos os meus amigos de balada eram do Paulistano (clube), uma coleção de malandros bem nascidos: Gazu, Rubinho, Pedrão, Gastão, Gomalina, que toda as noites, estavam no Rick's.

Uma coisa mais ou menos como o metrô da Consolação na Paulista co m Augusta e o metro Paulista na Consolção, ao lado das Pernambucanas, algo sem pé nem cabeça, ou quem sabe, a cabeça na Paulista e o pé na Consolação, um passo pra dentro do antigo e imenso belas Artes...


Estávamos descobrindo vários mundos. Em dois anos eu escutaria Dark Side of the Moon, por horas, novinho em folha, importado com embalagem especial e resgatado no Museu da Dom José, viajando com Estelão, sobre o carpete do meu quarto, num apê novinho comparedes verde bandeira e cor de vinho... e carpete italiano de 1ª linha, antialérgico que o General Goretta colocou em 1955... Escutamos Dark Side de cabo a rabo, da lua cheia a minguante numa longa viagem da minha 1ª paixão e 1º amor adolescente.


Ali do lado, dois anos antes eu frequentava a casa de uma antiquária amiga (ficante) de papai, Marina Galvão, que tinha quatro filhos: Fernanda, a Monica, o Tony e mais um pequeno q ñ me recordo (lembro... Rony, Ronaldo).
Talvez vc conhecesse esse Tony Galvão, sei lá. Parentes do Chico Galvão... bonvivant de carteirinha...

Depois da Willys, meu pai foi para a Vemag (lançou a Rio, o Fissore, a Vemaguete...), entrou na Codema e debandou super bem colocado na VW, trabalhando com o Schultz Wenk no MKT VW... e lançou o tigrão, o fusca 4 portas... lembra?
Acho que era o Fusca 1500 que vc se refere...


Memórias, memórias, que loucura: tenho de sobra... Aliás, temos.

Mas adoramos um Futuro inesperado e revelador, sim, sim.

Como essa minha nova e definitiva paixão, te contei não?


Gegê, você não vai acreditar...

Abs.





geraldoanhaiamello... Carregando...12/02/09

Responder geraldoanhaiamello para mim
mostrar detalhes 12/02/09



É isso mesmo. Aquele palquinho em frente à Hi-fi era o máximo

Não vou republicar seu e-mail se vc não quiser.

Tiro a parte do ácido, que pode te prejudicar... Embora tenha sido nos anos 70, LOL. Coisas de teen desavisado. Of course...

baci


Gg@