sexta-feira, 13 de novembro de 2009

"Viver é fácil. A dor é apenas o intervalo para fumar". (Tarso de Castro)












Até hoje eram apenas duas páginas recortadas e amareladas do Pasquim, de 1970 (não sei o número... só sei que é de 70 porque ele dá uma dica no texto, como verão...), que eu guardei. Finalmente (depois de mil tentativas fracassadas), transcrevi, acento por acento, palavra por palavra - idem pros negritos... esse texto que pirou minha cabeça aos 16 aninhos. Pirou no sentido de que o meu norte foi parar no sul, e meu sul, no norte, ou seja: fiquei de ponta cabeça e todas as besteiras de adolescente apaixonado que eu escrevia pras menininhas do Rio Branco foram descarga abaixo. Aliás, foram dois grandes textos (prá mim), na sequência, mas um deles, babáu...
Acabei de ganhar uma coleção de Pasquim, e alguns deles são de antes do nº 80 (saída dele do jornal). Quem sabe, né...
Há uma bio simplista e reduzidíssima na Wikipedia, pra quem não conhece a figura (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tarso_de_Castro). No entanto, toca em pontos definitivos de sua carreira breve: dentre outros, foi o criador do caderno Folhetim da Folha de São Paulo (long gone, mas que seria o pai - ou a mãe - dessa revista de Domingo atual da Folha) e um dos fundadores do polêmico jornal O Pasquim, do qual foi editor por 80 edições, juntamente com Jaguar, Millôr, Sérgio Cabral, Luiz Carlos Maciel, Paulo Francis e outros.
A última informação da Wikipedia é dura, mas real e é parte de sua biografia, Tarso de Castro - 75 kg de Músculos e Fúria, lançada em 2005 pela editora Planeta: "Tarso de Castro era alcoólatra e não admitia se tratar, e morreu de cirrose hepática aos 49 anos de idade". Dessa, eu escapei.
Sete Horas da Manhã é trailler de seu incrível talento de escritor, moldando o que eu chamo de texto repentista, embolada literária, sei lá; provávelmente foi escrito após longa bebalada noturna, só para cumprir a palavra e/ou entregar matéria prometida, em estilo único, preciso e impiedoso. Expect no mercy from his lines & liners (o título desse post, por ex.).

Te encontro lá, Tarso, no maior tédio com o infinito, que provavelmente com sua chegada tenha se desentediado, Teddy boy.
Mas que seu texto é uma maravilhosa trama de letras, palavras e idéias, ah! isso é.


SETE HORAS DA MANHÃ

(O mascote Sig, diz no balãozinho de Hq: "Não sei se vocês já notaram que o Tarso adora fazer hora")

São sete horas da manhã e não tenho nada a declarar. O Sérgio me pediu um artigo, e eu não pude dizer que não tinha nada a declarar porque o Sérgio não entenderia. São sete da manhã e eu ainda me chamo Tarso de Castro. Eu acho que só mesmo às sete da manhã a gente descobre umas coisas. Por exemplo, eu acabo de descobrir que sempre vou me chamar Tarso de Castro. Nunca houve nada como sete da manhã. É mesmo, juro: eu, cheguei em casa pensando em escrever uma coisa com o título de Sete da Manhã . O drama é que no relógio eram sete da manhã. Eu estava com o Ronaldo Bôscoli. Eu gosto do Ronaldo e vivo num país em que as pessoas me pedem para falar mal do Ronaldo. Às sete da manhã eu sei que não posso falar mal do Ronaldo. Mesmo que eu não gostasse, tem uma coisa: eu não tenho nada a falar de ninguém. Eu dizia antes, há pouco, ao Jorge Bem, que o Pelé é um safado. Eu nem falava mal dêle. Só dizia, o Pelé é um safado. Porque o Pelé é safado. Se alguém duvidar, que pergunte a êle. Êle, o Pelé, sabe, todas as sete da manhã, que é um safado. Eu tenho muita pena das pessoas que não estão acordadas ou sorrindo às sete da manhã. O Antônio Calmon me dizia, “Você é louco. Tem que ser internado.” O Calmon me disse isso às sete da manhã, e, às sete da manhã, nós descobríamos que infelizmente não havia lugar pra gente se internar. Só quem passa pelas sete da manhã sabe o jeito das sete da manhã. É uma terra e um tempo. Nessa sete da manhã de agora eu estou exatamente em frente à Lagoa, essa Lagoa do Rio, onde os peixes apodrecem só para sair na primeira página do Jornal do Brasil. Os peixes adoram sair na primeira página. Só às sete da manhã é que a gente consegue umas coisas de Deus, como, por exemplo, ficar naquela: “Não há de ser nada”.
Às sete da manhã eu acredito em Deus, só para pedir: “Ô Deus, seguinte: não deixa o Vinícius morrer antes de mim”. Só quem passou pelas sete da manhã pode amar tanto o Vinícius de Moraes, foi exatamente às sete da manhã que Vinícius escreveu O haver.
Às sete da manhã você tem pena de Deus, dá a Deus o direito de aniquilar um cara lindo enfiando-lhe um câncer na garganta. Não vai haver nunca uma desgraça maior do que Deus: onipotente, onipresente, onitudo. E o pior: ele, Deus, prá quem as pessoas se ajoelham, nunca vai ter o gôzo da dor, nunca vai morrer. Nunca. Preste atenção: nunca.
Deus, pense bem, todas às sete da manhã, terá o tédio de milhões de anos. Ele tem o tédio eterno. Deus si (*) Eu colocaria Deus no colo. Às sete da manhã é que eu tenho mais saudade do Ivan Lessa. Como o Ivan me faz falta. O Ivan, se vocês não sabem, viu as pintas feias no bumbum do Antônio Maria. Às sete da manhã eu sei o quanto gosto do Ivan: se ele começasse a morrer na minha frente eu não deixaria. Mas iria com ele, se a gente combinasse. Nesta sete da manhã de agora o Glauber Rocha dorme. Às sete da manhã é que eu vejo que o Glauber é casado, com uma planta chamada Rosinha e tem uma ave, que é a sua filha, chamada Paloma. Só eu posso chamar o Glauber de gênio sem que ele fique ofendido. Glauber é um animal de excelente qualidade. Vocês podem dizer que é mentira, mas o Glauber chora as tão famosas e inacreditáveis “copiosas lágrimas”. Glauber tem todos os direitos e deu uma casa pra mãe dele. Às sete da manhã eu sou feliz porque, prá começo de conversa, tenho dois pra nunca precisar mentir: Glauber e Ivan. Às sete da manhã eu sei que sou Tarso de Castro, tenho 29 anos, dispenso e amo o sucesso, sei que mito no Brasil é feito de carne e osso e – talvez infelizmente – não preciso ser herói. Nesta exata sete da manhã ninguém está na cama, “fazendo amor” (às sete da manhã eu não esqueci que vivo num lugar em que tenho que dizer “fazendo amor”) a não ser Luís Carlos Maciel e sua mulher Celinha, uma vez que os dois estiveram muito tempo fingindo um som. Às sete da manhã, pra que vocês tenham uma idéia, a Greta Garbo está com uns sessenta anos, eu sei que nunca dormirei com a Marilyn porque ela morreu e apodreceu, o Carlos Gardel infelizmente não vai voltar, a Danusa foi coroada no Canecão, a Jackie não é mais Kennedy, o brilhante da Regina Rosemburgo descansa em paz, Brigitte Bardot dorme com um lamentável equívoco, o Roberto Campos sonha com um empreguinho no governo, a Nara Leão – Cacá, o bom Cacá, dorme – vai a feira livre de Paris (leva junto os joelhos lindos), Bárbara dorme, Flávio Rangel chega em casa sem fazer barulho, Miguelzinho Farias dorme ao lado de Suzaninha, ou seja, tenho 29 anos, ou seja, tenho pai e mãe – isso aos 29 anos – ou seja, a bomba atômica é um luxo inútil.
Às sete da manhã eu gostaria de lembrar a todos os senhores que me minha independência me dá direito a dizer: “Olha, o Roberto Marinho não é tão mau”. Um dia, O Globo, numa nota, quase me liquidou; mas eu digo: Roberto não é tão mau. Eu sei disso porque são sete da manhã. O Roberto é vivo, o burro é o irmão, o Rogério. Às sete da (nota: quebra de pág.) manhã, eu sei que o verme é o Rogério. E não interessa muito, ainda que fosse o Roberto, eu perdoaria, eu entenderia, ele ganhou o direito ao ódio, à safadeza, ao que quiser, naquele primeiro do ano em que morreu Robertinho – eu sei que ele seria nosso amigo – e, com ele, uma meta: só aquele menino poderia botar os Marinho do lado bom da história. É isto: o Roberto tem direito ao ódio – e eu posso dizer que nunca precisarei dele. Glauber filmou às sete da manhã e deu-lhe o nome de Terra em Transe. Picasso pintou sete da manhã e deu-lhe o nome de Guernica. Fernando Pessoa escreveu às sete da manhã e chamou-a Poema em linha reta.
Deus é possível às sete da manhã, justamente na hora em que os empregados acordam. Às sete da manhã me olho no espelho para dizer que preciso ser mais responsável.
É a hora em que as crianças enchem o saco dos pais.
Às sete da manhã eu desejo ardentemente que Nélson Rodrigues continue vivo, que saiba de toda sua sordidez, que não consiga ajoelhar. Às sete da manhã, termina a missa das viúvas do interior. É quando começa a missa dos alunos dos internatos. Às sete da manhã é que eu encontro com Leão Nuñes y Castro, meu maravilhoso e louco avô, que encontro com Maurício Oppenheimer, dono do único segredo que não traí.
Às sete horas da manhã, Nixon, a caminho do gabinete, pensa: - "Como sou canalha!”
Às sete horas Stálin tinha mais medo da morte, corria mais dos espíritos dos fuzilados. Foi ás sete horas, na Bahia, que Iemanjá me tomou um colar de conchas.
Foi às sete horas, dias depois, que Iemanjá me tomou meu patuá de Oxum.
Juscelino acorda às sete para nadar às oito (Saiba, presidente, que sua filha Márcia é uma coisa boa, muito boa). As sete horas Fitzgerald bebia e Zelda morria queimada.
Às sete horas se soube: Hemingway era um ator. Apenas um ator.
Às sete horas tenho saudade de Glauber, Ivan, Maciel – eu quero comprar uma super oito. Às sete, aos 20 e lá vai anos nasceu Erasmo. Às sete horas, há pouco, Chico Buarque deu a porrada. Às sete horas, em ponto: mercado da Bahia, Caetano, Sônia (você de olho violeta, pois é, faz seis ou sete anos, espero que você não tenha morrido), Elis Regina (eu morava no sexto, ali na Figueiredo Magalhães, você no quarto, muito pobre, muito gaúcha, porém bem cuidada; eu, Elis, tinha cuecas rasgadas), Gil, Jango, Peréio, Paulo Autran, Capinam, minha amada Leilinha Dinizinha que que que – sabe, né Leila?, meu padrinho Do Cavalcanti, Calazans – louco que acaba morrendo por mim, Miguel, Claúdio – chega. Fausto Wolff é menos grego às sete da manhã. Às sete da manhã tem lugar pra todo mundo. O Papa Paulo VI apodrece às sete da manhã – mas ás sete da manhã não há nada de mais nisso. Nesta sete da manhã, Paulo Francis tem uma estranha na cama ou na cabeça. Às sete da manhã, vejam, a praia é composta de areia e água (salgada). O Sul está no sul e o norte está no norte – porque nem mesmo às sete da manhã ninguém se preocupa em saber se o mundo está de cabeça para baixo, fato que implicaria no sul estar no norte e no norte estar no sul.
Ainda assim, ainda às sete da manhã, ainda quando morrem vietcongs e americanos, prêtos ou brancos, cavalos e borboletas, ainda assim, mesmo em caso de ejaculação prematura, é justamente às sete da manhã que o mundo se move regularmente. Sete horas se compõe de 60 sete horas, 24 sete horas perfazem uma sete horas, 365 sete horas compõe uma sete horas.
Às sete horas da manhã a gente pode morrer, mas convém lembrar uma possibilidade: a vida eterna. OU: um bilhão de anos de sete horas da manhã; um bilhão de anos de tédio; a total impossibilidade da morte, o nada definitivo.
Ou seja: ninguém mais vai poder lutar, beber, amar, se doer, ter hepatite, matar, ter medo, nada. Ninguém vai poder morrer. Nunca mais. Chamam de paraíso: todos irmãos (Hitler tá lá), todos se amando (Hitler amando seis milhões de judeus), todos felizes (torturador e torturado, irmanados), todos acima do bem e do mal, todos apenas espírito, sem corpo e, portanto - sem dor, sem sangue, sem drama, sem lambreta apimentada, sem vinho Nuit de Saint Jorge, sem sexo.
Jimi Hendrix está lá: sem guitarra e – como espírito não tem corpo, segundo mamãe, que manja essas coisas – sem voz. Ninguém vai escapar, todo mundo vai ver Deus, anunciar, orgulhoso:

- Senhores e senhoras, temos a honra de apresentar o maior tédio do infinito. Começará às sete da manhã.
Couvert: nunca dormir, nunca morrer.

TARSO DE CASTRO


PS – Como o Pasquim é um jornal altamente humorístico, sugiro a gargalhada final.

OS 1 – Quanto a minha morte, que é a última, vai ser um tremendo barato: lenta, muito lenta, num azul que eu acabo achando.






MEU NOME é Tarso de Castro e não tenho nada a declarar. Já sei que todo mundo faz cocô.






quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Quando as palavras não vêm









































































































































































































































Grave as Imagens.




















O Sonho Acabouuuuuuuuuuuuuuuuu



Possibilidade 1


O sonho nunca acaba. Você acha que está sonhando e acorda num outro sonho onde você sonha que vai acordar. E acorda. Mas o sonho continua. Simples. Como John C. Lilly.




terça-feira, 27 de outubro de 2009

Quando faltam palavras


mentalize uma imagem

e fique quieto.

sábado, 10 de outubro de 2009

De Jerônimos santos, Xangô e Rutes

'50's Pulp' version of Rute in The Bible on magazine.

A Ruth de Francesco Hayez (Venezia, 10 febbraio 1791Milano, 26 novembre 1882)


Noemi, efratéia, viúva de Elimelec e sua nora, Rute, a moabita (viúva de Quelion, filho de Noemi), que no popular seria a tatatatataravó (+ ou - tatas) de Jesus, ou bisavó do Rei Davi, para nos atermos a dinastia real e não menos gloriosa.


Gustave Doré...

Sim, Xangô, o Justo. E os mandamentos de Deus cobrindo o leão protetor, e a Bíblia a direita dele, Jeronimo Xangô. Orixá dos Raios e Trovões.
A sua saudação, Caô Cabiecilê!





Há também a caveira de Caravaggio aqui, além de um cervo e um leão feliniano, literalmente.





Ampulheta ao fundo & tools...





Jeronimo em ação, com o leão a seus pés (ou seja, a premissa de que sempre começamos o dia com o leão manso a nossos pés. No caso dos tradutores, no entanto, o leão vem em dupla com a leoa, essa sim a fera.)
LOCI LOCI LOGUN!






O Leão de Jeronimo, segundo Carpaccio


CoincidÊnças... Ou não. Dê uma lida no meu horoscopo chinês diário... (abaixo de tudo...)

Por outro lado, minha deusa, SOCORRRRRROOO!!!!!!! (pára o mundo q eu quero descer desse livro!!!) Você já viu alguma coisa como... Notas das Notas?

U-hu!

A variedade de nomes bíblicos entre as várias (e ruins) traduções da Bíblias para o português continua me amolando na escolha dos nomes. Alguns deles são feios, ou simplesmente isso: inapropriados. Será q vou poder escolher o nome "certo" da Bíblia da CNBB para combinar com o nome "certo" de outro personagem, mas segundo a tradução do Ferreirinha? Ficaram fixadaos Noemi, em vez de Noemia, Elimelec, Rute, os irmãos, mas ainda falta Boaz. Na Bíblia CNBB é Booz. Prefiro o Boaz da Bíblia do King George. Booz é bom em inglês.

De qquer jeito, tenho 2 hs de trabalho pela frente, ainda nestas notas antes de ir pra tua casa. Comprei farfalle barilla, falando nisso.

Tomei um interesse pessoal na história de São Jerônimo, patrono meu, saravá... e a variedade incrível de pinturas retratando-o sempre ao lado de um crucifixo, uma caveira e um leão. Qual o significado do leão? (pesquisa, pesquisa, pesquisa. pronto.):


(texto resumé abaixo do blog português, em Lendas...)


PS: Take a Look at this... o avesso das notas das notas, ou sub-notas:


4. Comentário de Keil & Delitzsch sobre o Velho Testamento. (New Updated Version, Electronic Database, Copyright © 1996 by Hendrickson Publishers, Inc. 2003 Biblesoft, Inc. All rights reserved).


Os autores do comentário apontam que Jerônimo, o padre dos primórdios da igreja concordava que essa passagem – 1 Crônicas 4 – realmente referia-se aos filhos de Elimelec em Moab (segundo Livro de Rute, a partir de Rute 1:1, - Morte), dando-nos essa citação: "Nota - Jerônimo[1] nos fornece uma curiosa tradução, no versículo 22: 'et qui stare fecit solem, virique mendacii et securus er incendens, qui principes fuerunt in Moab et qui reversi sunt in Lahem: haec autem verba veteran', - de acordo com o Midrash Judaico, na qual mow'aab baa 'aluv 'asher estava conectada com a narrativa do livro de Rute.

Para o yowqiym [2], qui stare fecit solem, é supostamente Elimelec, e virique mendacii Maalon e Quelion, tão bem conhecidos do Livro de Rute, que foram com o pai para Moab (http://en.wikipedia.org/wiki/Moab) e casaram-se com as irmãs Moabitas, filhas do rei".

[1] Jerónimo de Strídon, São Jerónimo, Jerônimo na ortografia brasileira, (Strídon, cerca de 347 — Belém, 30 de setembro de 419/420), de seu nome completo Eusebius Sophronius Hieronymus, é conhecido sobretudo como tradutor da Bíblia do grego antigo e do hebraico para o latim. É o padroeiro dos bibliotecários e dos tradutores. (Descobri meu padroeiro!!)


Lendas, histórias, bio geral:




Na gravura, como em muitas outras representações artísticas do santo (**), podem distinguir-se três elementos fundamentais: um crucifixo, uma caveira e um leão.

Se o crucifixo reforça a sua postura penitente e de devoção cristã, enquanto tradutor da Bíblia, e se o crânio evoca a condição humana e mortal de Jeronimo, já a presença da fera tem a sua base nas distantes lendas do santo errante.


Após a realização dos estudos de filosofia e retórica, Jerónimo deixou Roma e iniciou-se em teologia. Após uma visão, na qual Santo Agostinho se lhe terá revelado, decidiu dedicar a sua vida a Deus. Tornou-se então um eremita, tendo vivido mais de três anos errando pelo deserto Sírio. Mais tarde, quando se encontrava num mosteiro em Belém, os caminhos do santo teriam se cruzado com os de um leão, que sofria com um espinho cravado numa pata. Não se intimidando, o santo conseguiu retirar o espinho, e aliviar o bicho.

Grato, o leão passou a acompanhá-lo. Contam-se algumas estórias curiosas sobre o seu invulgar companheiro. Para espanto de todos, Jeronimo levou o leão para o mosteiro -- como ilustra Vittore Carpaccio em "São Jerónimo conduz o leão ao mosteiro", http://www.abcgallery.com/C/carpaccio/carpaccio29.html , onde é notório o pánico dos monges que correm desvairados pelas ruas.


Mais tarde, Jeronimo foi investido pelo Papa Dâmaso I da árdua tarefa de tradução dos textos hebraicos e gregos para latim. O manuscrito resultante do seu trabalho de décadas é atualmente reconhecido pela Igreja Católica como a versão oficial da Bíblia. Viria a falecer no ano de 420, em Belém. Conta a lenda que o leão, qual fiel companheiro, esteve do seu lado até ao fim.


(*) A obra de Dürer é iconográficamente muito rica. "São Jerónimo no seu estudo" tem o alcance de uma celebração do renascimento. Embora represente um santo do séc. IV, a gravura transporta-nos para os finais do século XV, contendo alusões a mestres do renascimento como Da Vinci e Donatello.(**) São exemplos "São Jerónimo e o Leão", de Colantonio, "São Jerónimo no deserto", de Dürer, ou "São Jerónimo", de Caravaggio. Note-se que, para além dos elementos acima descritos, São Jerónimo é muitas vezes retratado com vestes de cardeal -- algo que nunca foi.






[*] Descendente da tribo de Judá.


The Old Testament Hebrew Lexicon

Strong's Number: 3137 eyqwy

Original Word Word Origin: eyqwy - a form of (03113), cf. (03079)


Transliterated Word Phonetic Spelling

Yowqiym yo-keem' = yowqiym

Parts of Speech TWOT

Proper Name Masculine

Jokim = "Jehovah raises up" -

aAdescendant of Judah = descendente de Judá.


Mr. Nehring's Chinese astrology scope for today:


You might want to work on a difficult project beside the one you're in today as you could be filled with the perseverance and concerted effort required to complete it successfully, step by step.

A family member may provide the moral support you need to keep going on your project. For a break in the day, you could get together with a friend and have a nice chat.

Warm regards.

(Let's chat under & over the sheets later on?)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Hercules, Weissmuller e a viagem ao redor do dia em 8o mundos







quando nada é e nada vem a mente, se é bom, é ruim, eu não sei.



nesses tempos em que cada dia chuvoso e cinzento não é mais apenas um dia qualquer, mas sempre prenúncio de algo catastrófico a despontar no horizonte online da notícia, sinto-me resignado a condição de gratitude por nada me ocorrer na mente e tudo absolutamente tudo se manifestar como imagem, enquanto cuido da agenda diária. Claro, piro e viajo em cima da possibilidade de alcance da fotografia num facebook da vez, principalmente as "carregadas de significado" que logo abrem links emocionais e de movimento entre você e sua network... e posto essas imagens, que contém minhas impressões internas do mundo que me rodeia, que para mim, naquele exato momento, valem mais de 5 laudas com espaço dois, por baixo.
sem nada na mente, nado na imagem que traduz o feeling geral desse armazén interno, dessa casa imensa e cheia de quartos e de espaços reservados de emoções, conhecimento, satisfação, poder, prazer e derrotas, desse palácio que em certos momentos atinge as dimensões do palácio do Dr. Lecter...

outro dia chuvoso e cinzento não é apenas mais um dia qualquer, mas o prenúncio de algo ominoso, nem que seja algo tão catastrofico como não ter baixado o corretor automático de nova ortografia do windows e continuar corrigindo catastrofico manualmente, porque é automático, como aqui... e sai com acento. ou o café fervendo, ou o telefone mudo ou o terceiro iptu que você esqueceu de pagar ou até mesmo, não raro, a discussão com a telesp da vez via telefone onde você até certo ponto paciente explica pela décima vez que essa fatura já foi paga quinze dias atrás e apresentada por você em pessoa, no próprio edifício central da companhia, via Pc de atendente telefonica da rede interna de computadores, no guichê 26 do saguão de atendimento, baixa confirmada pela funcionária. mas nada disso muda o foco, que é realização. a missão de cada dia. o passo seguinte, a próxima vez que faremos amor, vai ser bom, não foi? nada disso interfere. posto release ao vivo com pearl jam do u-tube via face, para mostrar o outro lado da minha experiência diária interna que apenas a imagem não consegue: a música, o som, o eterno som ressoante. do namanda ou do ziriguidom dum positivo de dom um, cosme e dasmião, de um omnamashivaia ou até mesmo de um acorde meu em sol no violão que foi de meu sobrinho thiago, e que hoje, está no astral.
nada disso absolutamente me incomoda, nem um pouco. com a mente vazia, o trabalho acontece mais facilmente. as tarefas vão sendo cumpridas uma após a outra e as vezes até em sincronia de finalização. as vezes o telefone toca e é ela, mas nesses momentos eu consigo no ato,ou quase, me desfocar do trabalho e só sentir o prazer que a voz dela me causa mesmo a distância. nós que temos tantas coisas em comum e até mesmo ínfimas tatuagens no mesmo local da perna. parece que essa energia entre nós circula intensamente mesmo através da linha telefonica nem tão muderrna assim da telefonica, que eu sempre proúncio funíca. Me sinto até disposto a digitar toda aquela matéria do Tarso pro Pasquim que eu considero um dos mais emocionantes e estilosos que já li. Mas nem Tarso...
estou tão focado na determinação de estabelecer e cumprir todas as possibilidades desses 12 trabalhos de Hercules diários, seja ou não de amansar um leão por dia... que nem o fato de o telefone não tocar, a cafeteira quase ferver e o tempo voar a uma média de duas horas para cada trinta minutos vivenciados por mim quase que palpavelmente, enquanto vou dando conta dos Jobs, que nada disso interfere no prazer que tenho em realizar cada um dos ítens que me propus a fazer em 12 horas de trabalho. embora essas 12 que sempre acabem parecendo penas 6 no final do dia.
estou começando a entender na pele o que Júlio queria dizer com viagem ao redor do dia em 80 mundos.
Cada um deles com seu próprio Hércules.
Mais uma vez, nada me vem a mente, que vaga.
Quando vem, para meu espanto, sinto-me tarzan na selva, vivendo um dia de cada vez, alheio e ingênuo quanto a maldade do homem e a destruição do planeta pela sociedade industrial mundial. Passageiro, é só insight da minha infancia televisiva e da impressão que causou em mim aquele grande nadador que morreu louco, uivando aquilo que havia sido o possante e inconfundível grito de força e poder sobre toda a selva, acima e além dos tambores nativos... num asilo de 2ª no meio-oeste americano.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

diálogos@noturnonliners




Tô morrendo de saudades de vc...
não esquece de vir me esquentar... preciso do seu corpinho &
lots of Love. ksss.


Preciso do seu corpinho parece papo daquele personagem alienígena do mib que vai mudando de corpo em corpo - que veste como roupa ajustando-se por dentro da capa da aparência externa, Sua 1ª vítima é o pacato fazendeiro Vincent D'Onnofrio, um personaggio impagavel totally out of control...

Just like me (a word farmer) when i'll be dressin' you

the night away.

I'll b there soon,

by your side.

Mais uma página só

(e a menos)

dessa tradução

e eu fecho

tudo aqui

e saio

voando

pra me

ajustar

logo +

dentro

docê

sim.

C:

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Inspiração sofisticada





Cd: Olivia Byington - Biscoito Fino


2ºsemestre/2007




Inspiração sofisticada




Quem teve a sorte de ouvi-la cantar a inédita Guarda minha alma no show Vozes da Paz, em Maio, sentiu no ato que o novo CD prometia surpresas. E das boas.
Na base do violão & voz, a canção grudou na alma.
Agora, com belos arranjos de estúdio, seduz ainda mais.


Mas 1º, a má notícia: o novo cd Olívia Byington só têm 12 faixas!


A boa: Ela é autora de todas e a voz continua linda, como na estréia em 78 com Corra o Risco, LP-referência na MPB. A maior parte das canções foi composta em parceria com o poeta português Tiago Torres da Silva, um dos responsáveis pela volta de Olívia à composição.


Compondo e tocando violão, ela "puxa o fio das melodias que existem aos novelos dentro de si".

Dona de extenso timbre vocal, a afinada intérprete de outros compositores volta a se arriscar e quem ganha é o ouvinte, refém desde a 1º faixa.

Em Areias do Leblon, a levada sensual da poesia musical da orla é o arte-fício.
Rodeada de grandes artistas e músicos, divide o canto com ‘seu’ Jorge em samba & rap (Na ponta dos pés) e com Maria Bethânia em Mãe Quelé, tributo à saudosa Clementina de Jesus.


Ao fim de 12 faixas sensíveis, únicas alternativas: clicar o play, outra vez e torcer que ela volte a SP com o novo show.




No player da redação: Balada do Avesso, mais uma pérola de seu constante parceiro Geraldinho Carneiro, autor da canção que a consagrou, Lady Jane. Na sequência, a faixa bônus nascida da nova parceria lisboeta: Sapatilhas de Ponta.






http://www.biscoitofino.com.br/bf/cat_produto_cada.php?id=304

Notas:

Show Vozes da Paz, em Maio/2007 (Teatro das Artes/SP), com Olívia, Jorge Mautner, Jacobina e Cida Moreyra e outros.

Citação da própria Olívia:
"puxa o fio das melodias que existem aos novelos dentro de si".

Lady Jane: canção do 1º disco da Barca do Sol, durante o Verão de 78, pela Continental, também gravada por Olívia em Corra o Risco, LP de estréia, 1978.



(Resenha publicada na revista Rolling Stone, 2º semestre de 2007)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Cara a Cara com Chrissie Hynde


Chrissie Hynde drops in...terview (Maio/2005)

Depois de assistir parte da entrevista que Chrissie Hynde + banda deram a Penélope Nova na MTV (na hora de escolher o clipe, deu branco na morena de Ohio, e em vez de dizer Don’t get me wrong, ela disse Middle of the road.), foi minha vez de entrevistá-la pela revista MTV.

Espremidos entre o fim do programa Penélope e o ensaio, restaram perto de 'longos' cinco minutos para batermos um papo. Descontraído? No way.
Eu estava nervoso. Minha primeira entrevista com uma roqueira famosa, uma de minhas “ídalas”, in english.
E ela parecia bem inquieta...

Entraram todos na salinha de RP e Miss Chrissie e eu sentamos num canto, ao lado da porta. Visivelmente preocupada com algo, olhava o tempo todo pra ruivinha que mora no meu prédio e a hospeda, sinalizando silenciosamente pra ela, “Vai, começa, fala rápido.”
Entrei logo com a primeira pergunta que me veio à mente, pra ganhar sua atenção e fazê-la falar, desligada da secretária e da banda, cuja presença física ali era um estandarte vermelho com letras brancas, onde se lia “Vamos logo que a gente tem que ensaiar!”.

Comecei falando de Tim Buckley, ícone-pai de um ícone-filho, Jeff Buckley, ambos já falecidos. Ela entrevistara o menestrel nos anos 70, pelo jornal New Musical Express. E dizia, no início da entrevista: “Não gosto muito de fusion, mas Tim Buckley era a exceção da regra. Ele fazia a fusão redondinha: você não podia dizer ao certo o que ele estava fazendo, pois o que ele fazia não era rock, folk, ou jazz...” (Pelo menos a lição de casa eu fizera e lera todo o possível sobre Hynde.)

Pergunta: Em 74 v
ocê dizia que não gostava muito de fusion, mas abria uma exceção pra Buckley. No entanto, nos últimos seus três ou quatro álbuns, a gente sente que a musica mudou, afastou-se do rock na direção da fusion music, adicionando ritmos e sonoridades do reggae, ska, groove, misturando Hendrix e até standards do american songbook...Você não acha que seu som entrou numa fusão, digamos, saudável?

Chrissie Hynde:
Eu não sei o que significa fusão... É tudo música para mim.

(Desisto de explicar o que ela sabe. De repente, Chrissie ficou brava. Acho que com o rock.)

P: Você deixou o rock pra trás, o que aconteceu?

CH: O que aconteceu? Eu simplesmente... Eu... O rock’ n’ roll acabou para mim... Apenas “rock” não é bom para mim, não mais... Não quero escutar nem saber mais de rock pelo resto da minha vida! (alterada)

P: O seu som ficou mais soft, mais sutil...

CH: Espero que sim, de verdade... Se eu continuar a fazer música, é isso que eu quero... Eu nunca mais quero estar na revista Rolling Stone pelo resto da minha vida... Não quero mais ter nada a ver com isso... (alterada e desgostosa de algo)

Q: Isso me lembra Joni Mitchell, que se desiludiu com o universo da música e agora só pinta quadros...

CH:
Mas é diferente, ela não quer saber de música... Eu ainda amo a música e faço a música pela música, apenas isso. Talvez eu apenas esteja atravessando uma mudança... Sei lá... Só o tempo dirá.

Q: Que músicos e ritmos brasileiros te surpreenderam desde que você veio pro Brasil, quando te conheci?

CH: Eu não escutei muito coisa... Ainda não...

Q: E essa banda, do Moreno, Kassin e Domenico?

CH: Ah! These guys, Moreno +2... Esses “caras” realmente me surpreenderam e agora, tocando com eles... Eu acho que eles são fantásticos e muito, muito criativos.

Q: Você tem muito em comum com um artista brasileira, Rita Lee. Ela respeita e defende os animais, tem um senso de humor especial e como você, num mundo essencialmente machista do rock, é guitarrista e tem uma banda por trás dela... Você a conheceu?

CH: Nunca encontrei com ela. Eu a venho escutando por anos e anos, mas nunca a encontrei.

Q: E Mutantes, a banda original dela, você escutou?
(Faz uma cara de surpresa, encantamento, o primeiro sorriso da entrevista...)

CH: Sim, escutei. Escutei... É muito bom.

Q: Aconteceu algum fato engraçado ou curioso desde que você chegou ao Brasil, com as pessoas, enquanto você passeia pelas ruas... Tipo a gente ter se conhecido, por acaso, num elevador?

CH: (risos) Tudo acontece dessa maneira desde que cheguei aqui... São Paulo parece uma cidade pequena e eu passo o tempo todo encontrando pessoas, o centro dessa cidade é muito interessante, o grande mercado (Municipal) eu adorei, é como estar de volta ao passado...

Q: Você já conhece todo mundo das redondezas da sua casa...

CH: Ah! Não, não conheço todo mundo ainda... Desde que eu possa evitar a cena artística... A cena da moda (fashion)... Na verdade, evito todos esses ambientes... A cena musical aqui parece ainda estar não contaminada...a impressão que eu tenho é que música aqui no Brasil é uma parte do dia a dia e de tudo que acontece pelo mundo... Provavelmente sempre tenha sido, sempre foi... Mas eu era apenas essa roqueira tola querendo sair de Ohio e levou um tempão pra eu chegar a ser o que sou hoje...(?)

Q: E você acha que a experiência atual com essa banda vai acabar em “samba”, vai mudar profundamente seu som?

CH: Bem... Sim, vai. Espero que sim. Eu nunca quis ser uma artista solo, mas estou tão cheia do formato rock, estou tão cansada disso... E pensei, eu não preciso mais fazer isso. Agora me pediram para tocar algumas coisas acústicas... E eu disse “Vocês não querem isso de verdade, querem?”...

Q: É engraçado, quando disse que te conheci, meu filho de 17 anos, disse “Quem, a cantora dos Pretenders? Você está brincando, pai?” Eu sempre achei que teus fãs eram gente por volta dos 40, 45, como eu...

CH: Isso me surpreendeu (risos)... Incrível!

(Time’s over, diz a RP ruiva. Chrissie levanta imediatamente. Ela é alta, quase da minha altura. E a terceira vez que a encontro, sempre com uma calça de couro (fake, claro. Ela não usa couro natural e já havia me perguntado onde podia comprar bolsas de couro sintético colorido, de plástico, borracha etc., perto de onde está hospedada, no centro. Dei um toque dos camelôs na rua Dom José X 24 de Maio e ela acabou comprando mais de vinte bolsas, todas sintéticas.).

Reparo que é muito mais bonita pessoalmente do que nas fotos. Seus olhos são poderosos, brilhantes, nervosos. Deve ser uma pessoa bem nervosa. Ou realmente encheu-se dessa cena roqueira, dessa pressãozinha da RP, da MTV ou... quer realmente ensaiar.

P: Ensaio agora?

CH: Sim. Estávamos esperando Moreno chegar, ele já está no estúdio. Ah! Depois Domenico deixa os convites do show na portaria do prédio, OK? Não se esqueça de pegar o teu... Quero te ver lá, certo?

Beijinho, beijinho, tchau, tchau. E nunca mais vi Chrissie, e nem fui ao seu show com Moreno +2. O convite ficou na recepção do teatro e não na “nossa” portaria. Sem que ninguém soubesse dessa mudança, achamos que ela tinha se esquecido e ficou por isso mesmo. Depois eu ficaria sabendo que jogaram copos no palco, e que ela ficou “really pissed” e saiu do palco no meio do show... A entrevista também nunca foi publicada. Além de estar bronqueada, Chrissie não disse nada demais, e ainda por cima meteu o pau no rock, tudo muito deprê... disse-me o editor.

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Chrissie fala da entrevista a Buckley

Tim Buckley: "...the exception to the rule..."


In 1974, future Pretender Chrissie Hynde was living in London and writing for New Musical Express. A long-time fan, that year she interviewed Tim Buckley.

“TIM CAME OUT OF THE WEST COAST, the whole hippy thing, and really struck a chord. I've been a fan since Happy/Sad. It was the summer of 1969, my first term at Kent State University. Things were so different then. Stars didn't have the hype and exposure they do now: there was no Tim Buckley scene, you just happened to like someone, and I loved him. It coloured that summer for me, I listened to it endlessly. I couldn't recommend an album more for listening to in the summer. The very thought of it makes me think of a breeze passing through a curtain. Put Happy/Sad on now and it sounds like it could've been made last year. It has a unique, timeless sound and feel, and that voice was unlike anyone else's. A lot of people can sing their arses off but they don't sound remarkable, while others sound beautiful but stumble along. He had the lot. He sung from the right place, not just from the heart, but from the diaphragm too”.

“I generally don't like fusion, though Tim was the exception to the rule. He was all round fusion: you couldn't say what he was really doing, because he wasn't rock, or folk, or jazz... I was quite shocked when I heard Greetings From LA, with stuff like ‘get on top of me, woman’ -- the same way as when I expected Marc Bolan to be this little elf, but got a guy in green lame.”

“When I interviewed Tim in 1974, I had no idea what to say. I hadn't done the right journalistic thing and listened to his whole catalogue: I was still a smitten fan from that summer, going about my merry way. He struck me like a vagabond, a minstrel, quiet and shy. I didn't know him well enough to say, ‘What's happening, Tim, how's it going?’ If anything, I was star struck. I kept looking at his throat, thinking about his voice, thinking that he was just sitting there but could break into song at any given moment and transport me somewhere. Not that you'd say, ‘Sing us a tune’. You treat them like you're handling a very valuable violin.”

“It was a year before he died. He didn't seem like a happy-go-lucky kind of person, more of a troubled individual, but knowing his music to be so sensitive and deep, that's the kind of personality you'd expect. What I tried conjuring up in that NME piece was this: I'm standing there at night, in Kent, Ohio, and a freight train goes by. This girl jumps on, and writes her name on the train, and jumps off again. That was my image of him -- that traveling vagabond, the minstrel. 1969 was the Jack Kerouac moment for me.”

As told by Chrissie Hynde to MOJO Magazine








Rolling Stone me entrevista!




Como você começou nessa área de tradução e adaptação?

Comecei a namorar e a trabalhar em dupla com uma jornalista e professora que gostava dos meus textos, copidescando traduções de outros tradutores e enxugando textos diversos, essas coisas. Até que comecei a traduzir esses romances de amor tipo Júlia e Bárbara, da Nova Cultural, onde fiz minha 1ª tradução. Depois passei uns anos na Revista MTV, escrevendo matérias sobre classic rock, onde lia muita coisa em inglês na pesquisa para os textos.
Mas foi aqui na RS/BR que comecei a me aprimorar e a traduzir mais profissionalmente, desde a edição Nº 1, com a matéria sobre os Killers (Viva Las Vegas!).


Que línguas você traduz?

Só o Inglês.

Qual a reportagem mais interessante que já traduziu para a RS Brasil?

Foi O Escudo (RS 17), sobre o mais caro e inútil sistema de defesa antimíssil dos EUA da história: o Star Wars, iniciado no governo por Reagan, e o hoje uma espécie de “lavanderia do Bush”. É inacreditável!

O que acha dos textos originais da RS USA?

Muito bons, mas sou suspeito, pois leio Rolling Stone/EUA desde o começo.
Foi onde conheci Hunter “Gonzo” Thompson, na prévia publicada de Medo e Delírio em Las Vegas. Eu literalmente pirei com o jeito dele escrever. Aliás, meu sonho ainda é traduzir uma matéria dele.
Ou um livro, who knows...

Qual foi a mais complexa para traduzir (das que já publicamos)?

Foi O Escudo também, que trata de tecnologias avançadas desconhecidas para mim. Ralei na tradução.

Nota do Editor - Rolling Stone nº 28, Jan/09, pág. 11)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Deusa Esquecida

Leonard Cohen and Joni Mitchell 1967






(Editor/Quinho: Caio pira tanto na Joni Mitchell que nos mandou, além da coluna, um fragmento do pensamento dela:)

“Miles Davis e Picasso
são meus heróis,
pois temos algo em comum.
Somos inquietos, incansáveis e insaciáveis.
(Joni Mitchell, Ottawa Post, 2001)


A Deusa esquecida

Após viver dois lados da ilusão pop, da glória ao esquecimento, Joni Mitchell hoje prefere ser reconhecida por sua pintura.
No auge da fama e com seis discos cultuados como hall of fame de seus seguidores, a deusa loura caiu fora do sistema em busca de novas texturas sonoras, mesclando jazz com música tribal, sequencers & Rolands... quando Paul Simon e Sting ainda nem sonhavam com o 'filão' world music

Deusa das melodias perfeitas, esquecida no Brasil: 90% de seus 21 discos, só importando (ou trazendo na bagagem back from USA/UK, claro)!
Um Bob Dylan de saias (a comparação permitida) que cantou a misteriosa alma feminina, norteando uma geração de novas mulheres, nos anos 60 & 70.
Segundo a Rolling Stone, que editava um “placar” de seus “casos” em 70, uma devoradora de homens...talentosos: James Taylor, Graham Nash (lembram de Our House do C,S&N? pois é...), Jackson Browne, entre outros.
Joni diz que seu grande caso é um cara chamado Art, trocadilho com seu único compromisso, a Arte.
Nas parcerias musicais, David Crosby, Jaco Pastorius, Pat Metheny, Tom Scott, Wayne Shorter, uma constelação de admiradores que tocavam por prazer e amor a arte (dela).
A primeira vez que ouvi Woodstock com Crosby, Stills, Nash & Young, quis saber qual deles era o autor. Na etiqueta do vinyl, li: Joni Mitchell. E Joni era mulher, pra meu espanto. E que loura. Foi quando comecei a devorar Joni até onde me era permitido fazê-lo: discos e mais discos importados, k7 & VHS de shows, numa época sem altas tecnologias como essas de nossas cameras celulares.

Apesar de ser considerada um ícone da nação Woodstock (compôs a canção, certo?), jamais esteve lá!
Com Hejira, álbum lançado no natal de 76, eu surtei de cara na primeira audição, bebunzinho de cider londrina de west kensignton.
Escuta esse violão, que afinação mais doida é essa, e essas guitarras e violões com delay... É o baixo do Pastorius? Neil Young na gaita? As guitarras de Larry Carlton? My God... My Godesss!
No mínimo foi a primeira canadense a levar um Grammy por toda a obra, ao lado de outras Deusas iluminadas como Billie Holliday, Ella Fitzgerald e Bessie Smith.
Sendo que Mitchell é a única compositora, arranjadora e intérprete de Jazz, pop e folk entre todas.

O que justifica sua importância não são apenas sete Grammys e mais de mil covers de suas canções.

Nem o fato de ser a designer da embalagem de todos os seus discos, pintando capas e encartes diretamente em grandes telas à óleo (super bem cotadas no mercado de arte americano e minha utopia de consumo supérfluo).

Nem sites discutindo sua arte até pela ótica literária, nem novas Joni Mitchell lançadas ano após ano, Alanis Morissette, Jewell, Suzanne Vega, Rickie Lee Jones, etc...para comprovar seu poder de influência.
Afinal, Madonna, Chrissie Hynde, Janet Jackson, Prince, Dave Matthews e P.J. Harvey admitem que 'morderam' a Deusa em algum momento.
O que me encanta é o perfeito balanço entre Forma (música) e Conteúdo (letras) envolvendo as canções numa beleza permanente, numa produção musical que atravessa decadas e modismos e se mantém digna, densa e automaticamente updated.

Saboreie Travelogue, o cd de 2003.
Sabe todo o sentimento à flor da pele que Chico Buarque desperta em seus momentos mais inspirados? È por aí…

Procure Taming The Tiger, cd de 98. Seu encanto, após o Grammy de 97, por Turbulent Indigo, é imediato, com os acordes de seu violão incomum filtrados através de um Roland VG8, tecendo camadas sonoras brilhantes com a ajuda de Shorter e do ex-marido e guitarrista Larry Klein. Em Taming... você vai achar uma das músicas mais belas e intensas já compostas por Miss Shell (oops...): "Man from Mars", que já ganhou versões criativas de Chaka Khan (ao vivo) e David Sanborn... Uma pérola perdida num imenso tapete branco...
Mas... bem a propósito desse tempo imediatista em que vivemos... quantos músicos ou compositores podemos escutar durante 35 anos e ainda sentirmos aquela mesma deliciosa sensação de prazer da maravilhosa descoberta, da nossa primeira vez?
Joni Mitchell tem esse Poder.
(Coluna Caio Nehring, publicada na Revista MTV, nº 35/Março de 2004)

No Player, uma canção antiga, ao vivo com a banda de Tom Scott:
http://www.youtube.com/watch?v=LynWDu22Clg&feature=player_embedded#t=245

Editorial Reviews
Following the Grammy triumph of Turbulent Indigo by four years, Joni Mitchell rewards our wait with an album that's even better. Taming the Tiger finds Mitchell playing her guitar through a Roland VG8, adding fresh texture to her continuing musical association with Wayne Shorter's sax and the rhythm section of Larry Klein and Brian Blade. "Happiness is the best facelift" is the line you'll hear quoted, but it isn't truly representative. Song painter Joni knows that light creates infinite gradations of shadow, and this is as varied a collection as she's given us. "Love has many faces," she sings in "Love Puts on a New Face"; and her portraits of longing ("Man from Mars"), abandon ("Crazy Cries of Love"), and quiet fury ("No Apologies") are exquisite. -- Ben Edmonds - 2000






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"Like the English mystical poet [William Blake], Mitchell is an artistic autodidact, experimenting with guitar tunings and jazz bohemianism the way Blake did poetic meter and religious iconography". - Entertainment Weekly - 99