quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Inspiração sofisticada





Cd: Olivia Byington - Biscoito Fino


2ºsemestre/2007




Inspiração sofisticada




Quem teve a sorte de ouvi-la cantar a inédita Guarda minha alma no show Vozes da Paz, em Maio, sentiu no ato que o novo CD prometia surpresas. E das boas.
Na base do violão & voz, a canção grudou na alma.
Agora, com belos arranjos de estúdio, seduz ainda mais.


Mas 1º, a má notícia: o novo cd Olívia Byington só têm 12 faixas!


A boa: Ela é autora de todas e a voz continua linda, como na estréia em 78 com Corra o Risco, LP-referência na MPB. A maior parte das canções foi composta em parceria com o poeta português Tiago Torres da Silva, um dos responsáveis pela volta de Olívia à composição.


Compondo e tocando violão, ela "puxa o fio das melodias que existem aos novelos dentro de si".

Dona de extenso timbre vocal, a afinada intérprete de outros compositores volta a se arriscar e quem ganha é o ouvinte, refém desde a 1º faixa.

Em Areias do Leblon, a levada sensual da poesia musical da orla é o arte-fício.
Rodeada de grandes artistas e músicos, divide o canto com ‘seu’ Jorge em samba & rap (Na ponta dos pés) e com Maria Bethânia em Mãe Quelé, tributo à saudosa Clementina de Jesus.


Ao fim de 12 faixas sensíveis, únicas alternativas: clicar o play, outra vez e torcer que ela volte a SP com o novo show.




No player da redação: Balada do Avesso, mais uma pérola de seu constante parceiro Geraldinho Carneiro, autor da canção que a consagrou, Lady Jane. Na sequência, a faixa bônus nascida da nova parceria lisboeta: Sapatilhas de Ponta.






http://www.biscoitofino.com.br/bf/cat_produto_cada.php?id=304

Notas:

Show Vozes da Paz, em Maio/2007 (Teatro das Artes/SP), com Olívia, Jorge Mautner, Jacobina e Cida Moreyra e outros.

Citação da própria Olívia:
"puxa o fio das melodias que existem aos novelos dentro de si".

Lady Jane: canção do 1º disco da Barca do Sol, durante o Verão de 78, pela Continental, também gravada por Olívia em Corra o Risco, LP de estréia, 1978.



(Resenha publicada na revista Rolling Stone, 2º semestre de 2007)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Cara a Cara com Chrissie Hynde


Chrissie Hynde drops in...terview (Maio/2005)

Depois de assistir parte da entrevista que Chrissie Hynde + banda deram a Penélope Nova na MTV (na hora de escolher o clipe, deu branco na morena de Ohio, e em vez de dizer Don’t get me wrong, ela disse Middle of the road.), foi minha vez de entrevistá-la pela revista MTV.

Espremidos entre o fim do programa Penélope e o ensaio, restaram perto de 'longos' cinco minutos para batermos um papo. Descontraído? No way.
Eu estava nervoso. Minha primeira entrevista com uma roqueira famosa, uma de minhas “ídalas”, in english.
E ela parecia bem inquieta...

Entraram todos na salinha de RP e Miss Chrissie e eu sentamos num canto, ao lado da porta. Visivelmente preocupada com algo, olhava o tempo todo pra ruivinha que mora no meu prédio e a hospeda, sinalizando silenciosamente pra ela, “Vai, começa, fala rápido.”
Entrei logo com a primeira pergunta que me veio à mente, pra ganhar sua atenção e fazê-la falar, desligada da secretária e da banda, cuja presença física ali era um estandarte vermelho com letras brancas, onde se lia “Vamos logo que a gente tem que ensaiar!”.

Comecei falando de Tim Buckley, ícone-pai de um ícone-filho, Jeff Buckley, ambos já falecidos. Ela entrevistara o menestrel nos anos 70, pelo jornal New Musical Express. E dizia, no início da entrevista: “Não gosto muito de fusion, mas Tim Buckley era a exceção da regra. Ele fazia a fusão redondinha: você não podia dizer ao certo o que ele estava fazendo, pois o que ele fazia não era rock, folk, ou jazz...” (Pelo menos a lição de casa eu fizera e lera todo o possível sobre Hynde.)

Pergunta: Em 74 v
ocê dizia que não gostava muito de fusion, mas abria uma exceção pra Buckley. No entanto, nos últimos seus três ou quatro álbuns, a gente sente que a musica mudou, afastou-se do rock na direção da fusion music, adicionando ritmos e sonoridades do reggae, ska, groove, misturando Hendrix e até standards do american songbook...Você não acha que seu som entrou numa fusão, digamos, saudável?

Chrissie Hynde:
Eu não sei o que significa fusão... É tudo música para mim.

(Desisto de explicar o que ela sabe. De repente, Chrissie ficou brava. Acho que com o rock.)

P: Você deixou o rock pra trás, o que aconteceu?

CH: O que aconteceu? Eu simplesmente... Eu... O rock’ n’ roll acabou para mim... Apenas “rock” não é bom para mim, não mais... Não quero escutar nem saber mais de rock pelo resto da minha vida! (alterada)

P: O seu som ficou mais soft, mais sutil...

CH: Espero que sim, de verdade... Se eu continuar a fazer música, é isso que eu quero... Eu nunca mais quero estar na revista Rolling Stone pelo resto da minha vida... Não quero mais ter nada a ver com isso... (alterada e desgostosa de algo)

Q: Isso me lembra Joni Mitchell, que se desiludiu com o universo da música e agora só pinta quadros...

CH:
Mas é diferente, ela não quer saber de música... Eu ainda amo a música e faço a música pela música, apenas isso. Talvez eu apenas esteja atravessando uma mudança... Sei lá... Só o tempo dirá.

Q: Que músicos e ritmos brasileiros te surpreenderam desde que você veio pro Brasil, quando te conheci?

CH: Eu não escutei muito coisa... Ainda não...

Q: E essa banda, do Moreno, Kassin e Domenico?

CH: Ah! These guys, Moreno +2... Esses “caras” realmente me surpreenderam e agora, tocando com eles... Eu acho que eles são fantásticos e muito, muito criativos.

Q: Você tem muito em comum com um artista brasileira, Rita Lee. Ela respeita e defende os animais, tem um senso de humor especial e como você, num mundo essencialmente machista do rock, é guitarrista e tem uma banda por trás dela... Você a conheceu?

CH: Nunca encontrei com ela. Eu a venho escutando por anos e anos, mas nunca a encontrei.

Q: E Mutantes, a banda original dela, você escutou?
(Faz uma cara de surpresa, encantamento, o primeiro sorriso da entrevista...)

CH: Sim, escutei. Escutei... É muito bom.

Q: Aconteceu algum fato engraçado ou curioso desde que você chegou ao Brasil, com as pessoas, enquanto você passeia pelas ruas... Tipo a gente ter se conhecido, por acaso, num elevador?

CH: (risos) Tudo acontece dessa maneira desde que cheguei aqui... São Paulo parece uma cidade pequena e eu passo o tempo todo encontrando pessoas, o centro dessa cidade é muito interessante, o grande mercado (Municipal) eu adorei, é como estar de volta ao passado...

Q: Você já conhece todo mundo das redondezas da sua casa...

CH: Ah! Não, não conheço todo mundo ainda... Desde que eu possa evitar a cena artística... A cena da moda (fashion)... Na verdade, evito todos esses ambientes... A cena musical aqui parece ainda estar não contaminada...a impressão que eu tenho é que música aqui no Brasil é uma parte do dia a dia e de tudo que acontece pelo mundo... Provavelmente sempre tenha sido, sempre foi... Mas eu era apenas essa roqueira tola querendo sair de Ohio e levou um tempão pra eu chegar a ser o que sou hoje...(?)

Q: E você acha que a experiência atual com essa banda vai acabar em “samba”, vai mudar profundamente seu som?

CH: Bem... Sim, vai. Espero que sim. Eu nunca quis ser uma artista solo, mas estou tão cheia do formato rock, estou tão cansada disso... E pensei, eu não preciso mais fazer isso. Agora me pediram para tocar algumas coisas acústicas... E eu disse “Vocês não querem isso de verdade, querem?”...

Q: É engraçado, quando disse que te conheci, meu filho de 17 anos, disse “Quem, a cantora dos Pretenders? Você está brincando, pai?” Eu sempre achei que teus fãs eram gente por volta dos 40, 45, como eu...

CH: Isso me surpreendeu (risos)... Incrível!

(Time’s over, diz a RP ruiva. Chrissie levanta imediatamente. Ela é alta, quase da minha altura. E a terceira vez que a encontro, sempre com uma calça de couro (fake, claro. Ela não usa couro natural e já havia me perguntado onde podia comprar bolsas de couro sintético colorido, de plástico, borracha etc., perto de onde está hospedada, no centro. Dei um toque dos camelôs na rua Dom José X 24 de Maio e ela acabou comprando mais de vinte bolsas, todas sintéticas.).

Reparo que é muito mais bonita pessoalmente do que nas fotos. Seus olhos são poderosos, brilhantes, nervosos. Deve ser uma pessoa bem nervosa. Ou realmente encheu-se dessa cena roqueira, dessa pressãozinha da RP, da MTV ou... quer realmente ensaiar.

P: Ensaio agora?

CH: Sim. Estávamos esperando Moreno chegar, ele já está no estúdio. Ah! Depois Domenico deixa os convites do show na portaria do prédio, OK? Não se esqueça de pegar o teu... Quero te ver lá, certo?

Beijinho, beijinho, tchau, tchau. E nunca mais vi Chrissie, e nem fui ao seu show com Moreno +2. O convite ficou na recepção do teatro e não na “nossa” portaria. Sem que ninguém soubesse dessa mudança, achamos que ela tinha se esquecido e ficou por isso mesmo. Depois eu ficaria sabendo que jogaram copos no palco, e que ela ficou “really pissed” e saiu do palco no meio do show... A entrevista também nunca foi publicada. Além de estar bronqueada, Chrissie não disse nada demais, e ainda por cima meteu o pau no rock, tudo muito deprê... disse-me o editor.

♫ ♫ ♫ ♫ ♫


Chrissie fala da entrevista a Buckley

Tim Buckley: "...the exception to the rule..."


In 1974, future Pretender Chrissie Hynde was living in London and writing for New Musical Express. A long-time fan, that year she interviewed Tim Buckley.

“TIM CAME OUT OF THE WEST COAST, the whole hippy thing, and really struck a chord. I've been a fan since Happy/Sad. It was the summer of 1969, my first term at Kent State University. Things were so different then. Stars didn't have the hype and exposure they do now: there was no Tim Buckley scene, you just happened to like someone, and I loved him. It coloured that summer for me, I listened to it endlessly. I couldn't recommend an album more for listening to in the summer. The very thought of it makes me think of a breeze passing through a curtain. Put Happy/Sad on now and it sounds like it could've been made last year. It has a unique, timeless sound and feel, and that voice was unlike anyone else's. A lot of people can sing their arses off but they don't sound remarkable, while others sound beautiful but stumble along. He had the lot. He sung from the right place, not just from the heart, but from the diaphragm too”.

“I generally don't like fusion, though Tim was the exception to the rule. He was all round fusion: you couldn't say what he was really doing, because he wasn't rock, or folk, or jazz... I was quite shocked when I heard Greetings From LA, with stuff like ‘get on top of me, woman’ -- the same way as when I expected Marc Bolan to be this little elf, but got a guy in green lame.”

“When I interviewed Tim in 1974, I had no idea what to say. I hadn't done the right journalistic thing and listened to his whole catalogue: I was still a smitten fan from that summer, going about my merry way. He struck me like a vagabond, a minstrel, quiet and shy. I didn't know him well enough to say, ‘What's happening, Tim, how's it going?’ If anything, I was star struck. I kept looking at his throat, thinking about his voice, thinking that he was just sitting there but could break into song at any given moment and transport me somewhere. Not that you'd say, ‘Sing us a tune’. You treat them like you're handling a very valuable violin.”

“It was a year before he died. He didn't seem like a happy-go-lucky kind of person, more of a troubled individual, but knowing his music to be so sensitive and deep, that's the kind of personality you'd expect. What I tried conjuring up in that NME piece was this: I'm standing there at night, in Kent, Ohio, and a freight train goes by. This girl jumps on, and writes her name on the train, and jumps off again. That was my image of him -- that traveling vagabond, the minstrel. 1969 was the Jack Kerouac moment for me.”

As told by Chrissie Hynde to MOJO Magazine








Rolling Stone me entrevista!




Como você começou nessa área de tradução e adaptação?

Comecei a namorar e a trabalhar em dupla com uma jornalista e professora que gostava dos meus textos, copidescando traduções de outros tradutores e enxugando textos diversos, essas coisas. Até que comecei a traduzir esses romances de amor tipo Júlia e Bárbara, da Nova Cultural, onde fiz minha 1ª tradução. Depois passei uns anos na Revista MTV, escrevendo matérias sobre classic rock, onde lia muita coisa em inglês na pesquisa para os textos.
Mas foi aqui na RS/BR que comecei a me aprimorar e a traduzir mais profissionalmente, desde a edição Nº 1, com a matéria sobre os Killers (Viva Las Vegas!).


Que línguas você traduz?

Só o Inglês.

Qual a reportagem mais interessante que já traduziu para a RS Brasil?

Foi O Escudo (RS 17), sobre o mais caro e inútil sistema de defesa antimíssil dos EUA da história: o Star Wars, iniciado no governo por Reagan, e o hoje uma espécie de “lavanderia do Bush”. É inacreditável!

O que acha dos textos originais da RS USA?

Muito bons, mas sou suspeito, pois leio Rolling Stone/EUA desde o começo.
Foi onde conheci Hunter “Gonzo” Thompson, na prévia publicada de Medo e Delírio em Las Vegas. Eu literalmente pirei com o jeito dele escrever. Aliás, meu sonho ainda é traduzir uma matéria dele.
Ou um livro, who knows...

Qual foi a mais complexa para traduzir (das que já publicamos)?

Foi O Escudo também, que trata de tecnologias avançadas desconhecidas para mim. Ralei na tradução.

Nota do Editor - Rolling Stone nº 28, Jan/09, pág. 11)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Deusa Esquecida

Leonard Cohen and Joni Mitchell 1967






(Editor/Quinho: Caio pira tanto na Joni Mitchell que nos mandou, além da coluna, um fragmento do pensamento dela:)

“Miles Davis e Picasso
são meus heróis,
pois temos algo em comum.
Somos inquietos, incansáveis e insaciáveis.
(Joni Mitchell, Ottawa Post, 2001)


A Deusa esquecida

Após viver dois lados da ilusão pop, da glória ao esquecimento, Joni Mitchell hoje prefere ser reconhecida por sua pintura.
No auge da fama e com seis discos cultuados como hall of fame de seus seguidores, a deusa loura caiu fora do sistema em busca de novas texturas sonoras, mesclando jazz com música tribal, sequencers & Rolands... quando Paul Simon e Sting ainda nem sonhavam com o 'filão' world music

Deusa das melodias perfeitas, esquecida no Brasil: 90% de seus 21 discos, só importando (ou trazendo na bagagem back from USA/UK, claro)!
Um Bob Dylan de saias (a comparação permitida) que cantou a misteriosa alma feminina, norteando uma geração de novas mulheres, nos anos 60 & 70.
Segundo a Rolling Stone, que editava um “placar” de seus “casos” em 70, uma devoradora de homens...talentosos: James Taylor, Graham Nash (lembram de Our House do C,S&N? pois é...), Jackson Browne, entre outros.
Joni diz que seu grande caso é um cara chamado Art, trocadilho com seu único compromisso, a Arte.
Nas parcerias musicais, David Crosby, Jaco Pastorius, Pat Metheny, Tom Scott, Wayne Shorter, uma constelação de admiradores que tocavam por prazer e amor a arte (dela).
A primeira vez que ouvi Woodstock com Crosby, Stills, Nash & Young, quis saber qual deles era o autor. Na etiqueta do vinyl, li: Joni Mitchell. E Joni era mulher, pra meu espanto. E que loura. Foi quando comecei a devorar Joni até onde me era permitido fazê-lo: discos e mais discos importados, k7 & VHS de shows, numa época sem altas tecnologias como essas de nossas cameras celulares.

Apesar de ser considerada um ícone da nação Woodstock (compôs a canção, certo?), jamais esteve lá!
Com Hejira, álbum lançado no natal de 76, eu surtei de cara na primeira audição, bebunzinho de cider londrina de west kensignton.
Escuta esse violão, que afinação mais doida é essa, e essas guitarras e violões com delay... É o baixo do Pastorius? Neil Young na gaita? As guitarras de Larry Carlton? My God... My Godesss!
No mínimo foi a primeira canadense a levar um Grammy por toda a obra, ao lado de outras Deusas iluminadas como Billie Holliday, Ella Fitzgerald e Bessie Smith.
Sendo que Mitchell é a única compositora, arranjadora e intérprete de Jazz, pop e folk entre todas.

O que justifica sua importância não são apenas sete Grammys e mais de mil covers de suas canções.

Nem o fato de ser a designer da embalagem de todos os seus discos, pintando capas e encartes diretamente em grandes telas à óleo (super bem cotadas no mercado de arte americano e minha utopia de consumo supérfluo).

Nem sites discutindo sua arte até pela ótica literária, nem novas Joni Mitchell lançadas ano após ano, Alanis Morissette, Jewell, Suzanne Vega, Rickie Lee Jones, etc...para comprovar seu poder de influência.
Afinal, Madonna, Chrissie Hynde, Janet Jackson, Prince, Dave Matthews e P.J. Harvey admitem que 'morderam' a Deusa em algum momento.
O que me encanta é o perfeito balanço entre Forma (música) e Conteúdo (letras) envolvendo as canções numa beleza permanente, numa produção musical que atravessa decadas e modismos e se mantém digna, densa e automaticamente updated.

Saboreie Travelogue, o cd de 2003.
Sabe todo o sentimento à flor da pele que Chico Buarque desperta em seus momentos mais inspirados? È por aí…

Procure Taming The Tiger, cd de 98. Seu encanto, após o Grammy de 97, por Turbulent Indigo, é imediato, com os acordes de seu violão incomum filtrados através de um Roland VG8, tecendo camadas sonoras brilhantes com a ajuda de Shorter e do ex-marido e guitarrista Larry Klein. Em Taming... você vai achar uma das músicas mais belas e intensas já compostas por Miss Shell (oops...): "Man from Mars", que já ganhou versões criativas de Chaka Khan (ao vivo) e David Sanborn... Uma pérola perdida num imenso tapete branco...
Mas... bem a propósito desse tempo imediatista em que vivemos... quantos músicos ou compositores podemos escutar durante 35 anos e ainda sentirmos aquela mesma deliciosa sensação de prazer da maravilhosa descoberta, da nossa primeira vez?
Joni Mitchell tem esse Poder.
(Coluna Caio Nehring, publicada na Revista MTV, nº 35/Março de 2004)

No Player, uma canção antiga, ao vivo com a banda de Tom Scott:
http://www.youtube.com/watch?v=LynWDu22Clg&feature=player_embedded#t=245

Editorial Reviews
Following the Grammy triumph of Turbulent Indigo by four years, Joni Mitchell rewards our wait with an album that's even better. Taming the Tiger finds Mitchell playing her guitar through a Roland VG8, adding fresh texture to her continuing musical association with Wayne Shorter's sax and the rhythm section of Larry Klein and Brian Blade. "Happiness is the best facelift" is the line you'll hear quoted, but it isn't truly representative. Song painter Joni knows that light creates infinite gradations of shadow, and this is as varied a collection as she's given us. "Love has many faces," she sings in "Love Puts on a New Face"; and her portraits of longing ("Man from Mars"), abandon ("Crazy Cries of Love"), and quiet fury ("No Apologies") are exquisite. -- Ben Edmonds - 2000






(...)






"Like the English mystical poet [William Blake], Mitchell is an artistic autodidact, experimenting with guitar tunings and jazz bohemianism the way Blake did poetic meter and religious iconography". - Entertainment Weekly - 99

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Help Me, Joni...



...Que bom que você ligou, é tanta saudade misturada com falta da sua proximidade que eu não sei se aguento até lá. lá onde? lá onde está tudo que eu quero sempre dizer, mas de um jeito ou de outro acabo não dizendo porque sempre somos envolvidos em algo a seguir ou porque tenho a nítida impressão que você já sente tudo o que eu sinto e como sente dessa forma, sabe de tudo. até daquilo que eu não disse e não sei.

bom que você ligou. nesse momento eu preciso muito de você próxima de mim, embora nosso dia-a-dia as vezes seja um empecilho e a situação atual não colabore, já que a ciranda de traduções uma após a outra ongoing durante meses seguidos deu uma paradinha como a mão no quadril e me encarou.

e no teu front, thanx god, as encomendas aumentaram desproporcionalmente a assistencia que você recebe e que poderia reduzir bastante seu volume de trabalho e de stress decorrente, para te dar mais tempo livre para continuar sua pesquisa da digamos "nossa" deusa, onde me incluo porque o nome dela sempre me inspirou e não é por acaso que dei esse nome a minha princesa. no fundo, sei que precisaríamos de um tempo só pra nós, resgatados numa bela praia, numa bela casa, com um belo oceano a nossa frente para dessestressar nossas belas mentes desses quase nove meses do ano, nem que seja em uma semana de cinco dias apenas... eu preciso você perto de mim (agora, sempre) e no entanto, estamos naquele plano em que nosso dia a dia colide pela diferença de responsabilidades, (deixa eu apagar a água do café, um instante)... embora eu já possa te adiantar que algumas das minhas responsabilidades com relação a atração que você exerce sobre mim continuam as mesmas, se não mais intensificadas. naqueles momentos então que perdemos a sintonia de comunicação ao vivo via celular, fone fixo ou até email, nesses momentos então a ausência da sua presença me causa uma dor de indescritível agonia para que seja reestabelecida o contato e o plano do prazer recíproco. Nessa hora não consigo escrever, não consigo traduzir, não consigo, as simply as that. Eu, adivinha, caio. Sem você sou uma parte. Ou sou um todo com você incluida? Hoje, porém, numa dessas horas em que não se sabe o que se fazer primeiro, sentei e escrevi mais um daqueles emails que eu não gostaria de ter precisado escrever, uma daquelas minicartas virtuais que eu preferia não ter enviado, algo assim. e mesmo assim, i can tell you, é meio humilhante pedir, hope it's worth. De qualquer maneira, no pain, no gain. It's a pain in the ass, but i'll overcome. e como várias coisas e atitudes ao longo da vida (55 years expertise), é melhor fazer do que nunca tentar e amargar a frustração.

pois bem, logo depois, de escrever essa coisa help me! i think i'm falling... eu comecei a ler uma série de textos que eu havia separado ontem nessa varredura que estou fazendo nas minhas notas, de dois anos para cá, principalmente do período de seis meses antes de te conhecer até hoje, incluindo meus poemas @róticos, por que não, e comecei a tirar daqui e incluir ali e quando vi, duas horas já tinham se passado, duas horas que li, reli, escrevi e reescrevi, entrando num processo louco de fazer as palavras adquirirem vida e ritmo e interagirem com a pessoa que lê, que por enquanto, sou eu mesmo, meu pior e mais desalmado crítico. de mim que convivo com todas essas pessoas e personas que se acham inteligentes, geniais, vencedores naturais e o escambau e tem a sensibilidade de uma melancia quente, em alguns casos, a sutileza de uma pata de elefante fora de controle. eles, suas idéias inteligentes, seus pensamentos, quotes e autolouvor, in some cases, of course... eu, meu pior crítico.

nesse meio tempo descubro também que mudei muito nesses ultimos 24 meses. na base de pequenas prestações, mas ainda assim, diferente.
na direção do melhor que eu desejo pra mim.

leio e leio e leio e cada vez mais me maravilho com o que leio, seja clássica a tirada ou artigo de autor na imprensa ou na net e me deparo com textos que me fazem babar ao me instigar uma sensação, ao instalar em mim um processo de pensamento que se ramifica simplesmente em todo o momento atual de informações e acesso que a humanidade dispõe e coloca em nossa caminho nas mais variadasformas e tribos e civilizações. leio de tudo nesses momentos em que não me foco (ainda) e diluo minha atenção em dez canais diferentes dos mais técnicos aos mais emocionais (que em geral são original lyrics, cá entre nós, de grandes compositoras[es], de onde eu tirei essa pérola da Joni M., no auge) seja jornal e revistas abertas ao meu lado, ou janelas no monitor. O mundo ferve e as palavras e idéias saltitam para fora e para dentro (e onde elas vão parar? para onde vão?).

Pelo menos, durante um tempo não estou grudado obrigatoriamente nas páginas de tres bíblias em tres idiomas, voraz por sobre as páginas delicadas do Good Book... Como se fossem os versos de um Buda em papel de arroz. E nesse incensante exercício de escrita com meus próprios textos revisitados e o remexer das palavras, as horas voam (alto), e em determinados espaços de tempo, sou abduzido pelo reino das palavras, sentenças, one liners e idéias por trás do que leio, seja meu ou de outrem, e só quero escrever, escrever, deixar o fluxo a la gertrude s. assumir o comando e me colocar no caminho, o que me preserva daquela ansia pela tua presença, que me tem, mesmo a distância e me faz te desejar logo depois da aula de dança, naqueles momentos em que você tem o controle de todos os músculos do seu corpo e banha cada centímetro deles com aquele sabonete-perfume que cobre a sua pele e que sou capaz de sentir só na base da imaginação persistente e concentrada, se quiser, ou... logo depois que você já cozinhou a sopa , fechou o ateliê e vai se dar uma refrescada antes de comermos na grande mesa branca para voltar viçosa, quente e perfumada e faminta. na verdade, eu queria te falar que você é tão cheirosa que mesmo quando volta do balé, suada, está cheirosa com aquela tensão residual no seu corpo que parece reproduzir o perfume da rosas que repousa no lábio da sua dançarina que se mira no espelho. que bom que você ligou. a sua presença, mesmo na eventual ausência, me dá coragem de enfrentar o mundo. mas...

e você, bella... como está?


Help me
I think Im falling
In love again
When I get that crazy feeling, I know
I'm in trouble again
I'm in trouble
cause youre a rambler and a gambler
And a sweet-taiking-ladies man
And you love your lovin'
But not like you love your freedom

Help me
I think Im falling
In love too fast
It's got me hoping for the future
And worrying about the past
cause Ive seen some hot hot blazes
Come down to smoke and ash
We love our lovin'
But not like we love our freedom

Didn't it feel good
We were sitting there talking
Or lying there not talking
Didn't it feel good
You dance with the lady
With the hole in her stocking
Didn't it feel good
Didn't it feel good


Help me
I think Im falling
In love with you
Are you going to let me go there by myself
That's such a lonely thing to do
Both of us flirting around
Flirting and flirting
Hurting too
We love our lovin'
But not like we love our freedom


Help Me, Court and Spark, January 1974, Elektra





domingo, 20 de setembro de 2009

unconditional love


vais acionar teu email? vais trabalhar feito uma louca com uma louca paixão? vai saber...
na dúvida, mergulho no texto como mergulho no teu corpo: venho andando sobre a prancha, ereto, dou um saltinho para pegar impulso, abro os braços simétricamente para trás, juntando em seguida as mãos espalmadas a minha frente, como uma flecha procurando direção, acomodo minha cabeça no espaço entre os braços que seguram as mãos espalmadas como num ritual e mergulho, reto, teso, ereto e decidido, como uma flecha em busca do olho do touro voando rente à superfície do oceano até atravessar o tronco da próxima onda e continuar voando submerso através da miríade de raios do sol refletida na superfície marinha sem fim.
e então, oceano e caio fundo nesse teu mar com o teu gosto e os movimentos ondulantes que apenas esse mar com teu gosto pode fazer.

and this is how the days go by.

http://www.youtube.com/watch?v=5oqmhVNk3Hg

endless unconditional love.

01/03/08

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O provável 1º mega hit do rock nacional


Hoje, para a grande maioria de jovens entre 20 ou 30 e poucos anos, o nome do mineiro Ronald Cordovil “não traz lembrança alguma, nem toca nenhum sino”. Típico: "Mas... o Clodovil é cantor também??"
Mesmo para cinqüentões, é preciso apelar para seu nome artístico nos anos 60, Ronnie Cord (Não seria Ronnie Von? responderam alguns entrevistados) ou citar seu mais conhecido sucesso até essa data: a canção Rua Augusta, o provável 1º mega hit do rock nacional, lançado em pleno ano de 64, quando Augusta era a rua-ícone de glamour e diversão no auge dos anos de chumbo da repressão e ditadura brasileira.
O mundo glamoroso dos boyzinhos-paqueradores alienados e suas máquinas envenenadas, no entanto, parecia ignorar isso.
E Rua Augusta, a canção, sucesso repentino nas rádios de todo o país em 63 e 64, era sua mais completa tradução, naquele período pré-Jovem Guarda.
Ronnie Cord, o cantor e compositor radicado na capital, ainda não tinha noção disso, mas sua popularidade havia aberto o caminho para o movimento musical da Jovem Guarda passar e iluminado as figuras de Roberto e Erasmo Carlos para o público jovem (de 8 a 80) com sua música.
O filho do maestro e compositor Hervé Cordovil (cuja carreira é um capítulo à parte na MPB, por vezes ligado aos nomes de Noel Rosa e Lamartine Babo), nasceu em Manhuaçu/MG em 22 de Janeiro de 1943 e aos seis anos, já estudava violão.
Aos 16, fez teste na Copacabana Discos carioca, estreando em LP de 1960 reunindo vários outros intérpretes.
No mesmo ano, gravaria o 1º disco solo, um bolachão de 78 rpm, intérprete de clássicos norte-americanos em inglês, de onde seriam retirados singles como Oh Carol, Jailhouse Rock e Pretty Blues Eyes, além do sucesso Itsy Bitsy Tennie Yellow Polkadot Bikini, que o manteria no 1º lugar das paradas durante 6 meses e ainda lhe renderia um troféu Chico Viola, espécie de Grammy tupiniquim da época.

Aliás, no mesmo ano em que o Rei Roberto recebia o mesmo troféu pelo rock-dinamite É Proibido Fumar.
Em 1963, Ronnie Cord já era figura carimbada em todos os programas de música jovem de rádio e TV como Hoje É Dia de Rock de Jair de Taumaturgo, na Rádio Mayrink Veiga carioca, Clube do Rock de Carlos Imperial, na TV-Rio e Crush em Hi-Fi, na TV Record, de São Paulo.

Num deles, Ritmos Para Juventude (TV Paulista), foi proclamado "O Rei da juventude Brasileira" com 5.865 votos!
A versão de Itssy Bitsy, seu sucesso de 1960 ou Biquini De Bolinha Amarelinha (Tão Pequenininho), Boliche Legal e Rua Augusta – essas, duas composições originais do papito e maestro Hervé Cordovil (nessa época, um cinqüentão, quem diria...), lançados em LP pela RCA Victor, em 1964, estourariam nas paradas de todo o país, ganhariam vários troféus e claro, Rua Augusta se tornaria o primeiro hino e mega hit do rock nacional.
Única música brasileira cantando as peripécias das gangues de Johnny e Alfredo (Augusta, Angélica e Consolação, a música-cabeça de Tom Zé, é uma “outra história”, com seus significados semi-ocultos num poema...) numa das ruas mais conhecidas, originais e curtidas do país, Rua Augusta seria uma referência musical para os roqueiros do Brasil ao longo dos anos. Os Mutantes no País dos Baurets (72), que já haviam feito cover de Banho de Lua ((Tintarella di Luna) de Celly Campelo, e Raul Seixas (85), gravariam suas melhores versões “atualizadas” (que esse jornal recomenda).
Em 1965, a Festa de Arromba (nome provisório) do trio-ternura Roberto, Erasmo e Wanderléia se transformaria no programa Jovem Guarda, onde Ronnie fez algum sucesso, conquistando corações com o hit Biquíni de bolinha amarelinha e seus olhos claros.
Além de participar como contratado do programa (65 e 66), Ronnie formou com os irmãos Norman e Hervé Jr. (1950-1992) o conjunto Os Cords, gravando alguns compactos simples entre as 14 Mais vendidas (que virou griffe de coleção de sucessos, como os The Best de hoje em dia) entre a moçada que já começava a idolatrar Roberto Carlos, o amigo Tremendão e toda a sua Corte.
Com os Cords, lança o 4º grande sucesso: O Escândalo (Shame And Scandal In The Family), calypso de sucesso mundial e letra “escandalosa” sobre comportamento sexual pra lá de promíscuo de família excêntrica de Trinidad, composta pelo popular compositor Sir Lancelot para filme B de terror (I Walked with a Zombie) dos anos 40.
Visionário ou não, Ronnie sentiu que Shame & Scandal, regravada em ritmo mix de rock-ska-reggae ligeiro, por Shawn Elliot e que se tornaria um dos 1ºs sucessos de reggae comercial da Jamaica na América, tinha tudo pra estourar aqui em Pindorama.
Quem não se lembra dos versos, “Conheci, um capeta em forma de guri”, gravado por Renato e seus Blues Caps e até mesmo cometido pelo insistente Sergio Mallandro?
Seria a primeira gravação brasileira de ska/reggae?

Entre 65 e 66, ele ainda lançaria as versões Todo Meu Amor, o All My Loving dos Beatles e Dia Lindo, versão do irmão Norman para Monday, Monday dos The Mamas & The Papas, a baba de então nas paradas mundiais.
Mas é em 69 que Ronnie começa a abandonar a carreira artística, gravando apenas duas marchinhas de carnaval (Mulher e Meia e Um brinde à Lua), composições do pai Hervé, em ano que o mundo estava atento para a geração Woodstock, a guerra do Vietnã, a corrida espacial e o ativismo contra a segregação racial.

No Brasil, Roberto Carlos era o Rei inquestionável da Juventude brasileira e o regime militar estava em ponto de bala & paudearara, para variar.
Embora ainda participasse eventualmente do eterno show-caravana dos pioneiros do rock brasileiro atravessando o país e do subseqüente revival da Jovem Guarda, na década de 80, ele passaria a se dedicar apenas à profissão publicitária, contratado pelas Páginas Amarelas da LTB como Ronald Cordovil, profissional de Marketing & Vendas.
Depois disso, Silêncio.
Anônimo, longe das luzes e da passarela onde desfilava a juventude paulistana.
Longe do trecho íngreme entre a Paulista e Estados Unidos, da boate Lancaster, “o templo do twist”, do beirute no Frevinho e dos rachas 'Alameda Santos até a Estados Unidos'.

Pai de três filhos, o roqueiro de belos olhos verdes brilhantes (que não os de Ronnie Von) que teve uma loja bem sucedida de discos no Itaim, faleceu prematuramente aos 42 anos em 6 de janeiro de 1986.
Mais de duas decadas depois, o intérprete do 1º megahit do rock nacional “não traz lembrança alguma e nem toca qualquer sino” para essa moçada que desce a Rua Augusta a 60 por hora em direção aos megarockshows dos credicard halls típicos de SP.

PS: A terceira estrofe de Rua Augusta, foi cortada pela absurda censura militar de então e dizia assim:

Comigo não tem mais esse negócio de farda
Não paro o meu carro nem se for na esquina
Tirei a 130 a maior fina do guarda
Tirei o maior grosso da menina.”
(Publicado no nº Zero do Recheio & Cobertura - Jornal da Laje,
da Galeria Ouro Fino/Augusta, Março/Abril 2008, Caio Nehring)
Em Tempo: A dúvida que permanece: Os olhos de Ronnie eram azuis ou verdes? Cartas para a redação.




quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O silêncio que barulha


Pic: Horsehead Nebula by Martin Pugh (UK): a 1st prize!

Será q todos os loucos escrevem bem? Ou sem qualquer pretensão: será q todo louco gosta de escrever?
vai saber. eu, agora, nem sei o q escrever. são 3 e 10, to enrolando pra te ligar, mas ñ vou ligar pq ainda nem escutei o som da minha voz hoje, aliás, minto. Dei um berro seco com a cacau q sujou o carpete da sala.

tô enrolando pra te escrever antes de sair, mais do q pra te ligar, pois do jeito q ando desde anteontem, dependendo do jeito q vc me atender, talvez eu passe por grosso, por bravo, enfezado. nananinanô.
não arrisco. e não petisco. mas ñ sou insensível de saber q vc também é sensível e talvez eu até te deva desculpas; do que não sei, mas qdo a gente se desentende até parece q a gente brigou por algo concreto. e fica aquela impressão de que alguém deve desculpa a alguém.
e na maioria das vzs é besteira, é teimosia. só isso. desculpe, não quis ser grosso. sorry, pardon, beg you excuse me. obrigado pelo macarrão, sempre adiado desde aquele barilla tricolor q levei para o domingo em q acabamos mudando os planos. obrigado por ter pensado em uma janta gostosa, obrigado por ser a mais gostosa.
obrigado por ter ido me ver na quitanda. eu não ia passar na sua casa pq já havia me batido um baita desanimo de tarde e eu estava me forçando a fazer coisas para ñ cair de bode. sabe qdo parece q tem algo maior q vc te segurando pra vc ñ seguir em frente? é assim q tenho me sentido nesse último mês. mas veja bem. isso ñ tem nada a ver com vc, ñ é vc quem causa isso. sou eu mesmo, e o monstro morto dentro de mim, do qual ainda não removi a carcaça imensa. são coisas q ñ consigo ainda lidar e tento fazer sozinho, isso sem levar em conta q sou bem mais lento q vc, a lot, pra lidar com questões pessoais e íntimas e sempre acabo me introvertendo em algum momento. vc tem uma facilidade q me fascina em chutar a bola pra frente e em se livrar dos fantasmas q te assolam, se é q te assolam. isso é mais fácil de acontecer comigo. e nesses dias todos os fantasmas q estavam se afastando de mim graças ao trabalho constante, farto e semi-disciplinado, agora retrocederam e me passaram a me incomodar. é frustração, é desanimo e a coisa pega pesado. é um encosto de quinta que fica travando meu drive, uma sensação broxante de pequenez frente aos maiorais e vencedores.
me pego não parando de escrever e anotando tudo o q me vem a cabeça em moleskine e words e blog para que esse exercício da escrita unstopable seja um substituto justificável para a ausência de "jobs" entrando.
para que o demonio não possa produzir um pandemonio de bad thoughts em minha mente, cansada e facilmente impressionável. e para que essa profusão de frases malucas permaneça em algum lugar que está entre, não no meio, ou atrás. Mas 'entre', gracias a julio. num desses momentos mais yangs, eu entro e recupero e transformo e quem sabe bons textos surjam daí.
ontem eu conversava com jan-san e falamos juntos numa conversa a expressão 'fazendo tudo certinho', q em geral é justificativa de gente louquinha, como pai & filho, btw, para isolar certas coisas q acontecem e seus efeitos. fala-se assim... venho fazendo tudo certinho e me acontece uma coisas dessas, sô? pois eu venho fazendo tudo certinho, ou digamos, dentro daquilo q a gente imagina é correto e realizado tudo com empenho e determinação, signed, sealed & delivered, well... Foi o q fiz na rost, foi o que fiz na editora francesa, foi o q fiz na nossa editora de ouro, e na tv da música, foi o q fiz nos manuais tecológicos e nos guias timeout das capitais.
E no que tudo isso transformou? Em nada. Ou em páginas impressas do passado. E se é passado, é melhor esquecer. É isso? Não sei. Como se diz, dei meu sangue (bom, saiba) naquelas páginas e de repente, tudo se desvanece assim, vamos partir pra outra e começar tudo de novo em outro lugar, phoda-se essa bagagem? Que merda, que mêda, a la christian pior.
Vou sair q o sol tá me chamando, mas leve pq consegui escrever e descrever para mim mesmo um pouco daquilo que eu não não queria saber.
passo na advogada, lenta as usual e resolvo algumas pendências q podem muito bem serem resolvidas até a happy hour, ou six o'clock. Depois, uma massagem da massagista japonesa ou o shiatsu de seu marido cego, na liberdade.
quem sabe isso destrava um pouco o esqueleto e eu, mais uma vez, chuto a bola pra frente (viro a mesa, chuto o pau da barraca, including), além do muro do campo.

nesse momento, a única coisa certa em minha vida é q eu te amo e é isso q me dá uma certa paz de espírito qdo a tristeza bate.
o resto, nem deus ainda sabe.


terça-feira, 15 de setembro de 2009

Estrangulando rios


E já não há mais fluidez nas águas que já foram claras, caudalosas e frescas de tanta vida. Roubaram as curvas dos leitos ancestrais e represaram-nos numa imensa reta de concreto.

A cidade vem estrangulando os dois rios há sete decadas, o encontro de suas águas continua sendo um problema não solucionado e agora, há esse clima desértico em SP e o calor concentrado no solo sendo devolvido à atmosfera, e essas mudanças climáticas, essa chuva, essas inversões, a enchente aqui, ali, acolá.

Mais ou menos o mesmo que acontece com o filho dessa maldita cidade, parcialmente imerso em seu próprio clima desértico interior, inundado pela frustrante sensação generalizada de haver falhado, invadido pela incômoda impressão de que foi enganado e deixado para trás.

É possível que ele mesmo tenha estrangulado durante decadas o rio que lhe corre no peito, displicentemente, acabando com sua fluidez, esgotando seu oxigênio e consumindo a energia gerada antes mesmo de ser direcionada ao nível seguinte.

Por enquanto, ele tateia pelo chão, em silêncio, no escuro úmido do apagão. Está soterrado em seu desabamento e é tanto a indiscriminada vítima soterrada quanto o abençoado resgate, cavando cada vez mais perto de si nos escombros misturados à lama.






sábado, 12 de setembro de 2009

A Blues for Allah or I'm a Deadhead


só sei que estou cansado. só sei qual é o meu nome e que estou cansado. quero deitar e acordar em dez anos. quero deitar e só acordar num outro mundo. ou quero acordar desse pesadelo, onde todos morrem, menos eu.

eu só quero acordar e ver que todos acordaram para o mesmo sonho que eu. eu quero tanta coisa. eu quero tanto e te quero tanto, mas nesse exato momento eu só quero apagar, eu só quero morrer. ele dizia que eu te amo muito, mas agora eu estou cansado e por que não, eu também.
que fique claro que quero morrer, mas temporariamente. quero apagar para o mundo por um tempo enquanto quem sabe ele melhora, ou desligar-me enquanto a raça humana melhora ou não, ou até amanhã, que seja.
eu só quero morrer um pouco para o mundo e chegar ao fim do dia, quero que o mundo me esqueça como quem esquece de um botão que precisa girar e não gira, ser esquecido e não ser atingido por todas as desgraças direta ou indiretamente, todas as novas desgraças que vão trocando de lugar com as últimas desgraças em manchete online, sem dar tempo de assimilar a desgraça anterior, a morte de dezenas, centenas e milhares de almas que também já estavam na medida do querer morrer para essa mundo que não nos dá nada além de desgraça, exploração e sofrimento. eu só quero morrer mas sei que não posso ser duro assim só porque o mundo é uma merda, ou melhor, se tornou uma merda, mas em geral, eu não quero morrer para esse mundo que nos dá comida, água, ar, fogo e muito movimento e uma infinidade de outros mundos através das pessoas. e claro, da tv, da net e imprensa.

em geral esse mundo que me alimenta por todas as vias só me faz querer viver mais e mais e conhecer mais até chegar num ponto que nada mais haverá para saber além daquilo que não sabemos que é preciso saber, mas isso nunca foi contado a ninguém, e portanto ainda não sabemos o que deveríamos saber, o que nos faz cada vez mais homens e menos perto de tornarmo-nos deuses, sempre a um passo da ignorancia, pois o grande deus não fala por palavras e até interpretar toda a cena entre você e ele, e descobrir o que precisamos saber, em palavras, o criador e ao mesmo tempo criadora, pois é mãe e é pai ao mesmo tempo, já terá escolhido uma outra opção, o que te deixará tão cansado, contrariado e com vontade de morrer e se apagar para o mundo como eu me encontro agora, depois de passar seis horas seguidas sentado numa cadeira frente ao computador vertendo para o inglês um release para profissional de fotografia nada humilde que não gosta de bom gosto e nem de senso comum e se orgulha de ser abrigo e porto dos abandonados, dos rebeldes e dos marginais.

enquanto finjo que quero brincar de morrer e vê-la com a mais ampla e bem humorada visão budista, como uma festa e o adeus a ignorância, um intervalo, uma curva na estrada, uma mudança de plano (de qualquer um que não seja cruzado) e missão, o próximo nível, o mundo invisível, sei que o tio dela morreu, em uma agonia passageira, anunciada e breve e que nesse momento, salvo engano, titio voltou ao pó, que em algum momento, será espalhado pelo ar e respirado por seus descendentes.

nesse momento só quero, como ele, ser espalhado pelo ar e ir aos poucos descendo e repousando sobre a superfície noturna de uma praia selvagem, escutando nada mais que o som incessante, contínuo e eterno das ondas do mar e do player dos últimos privilegiados frequentadores, a distãncia, tocando blues for allah, dos dead (yes. i'm a dead head), naquela noite de verão.

Grateful Dead: Blues For Allah, 88
On the player: Track 6, The Music Never Stopped.
Cover: Rick Griffin

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

King Lizard & The Lamb



By the grace of Ms. Laura De Nigris, The Picture.


One of the most beautiful pictures of Morrison's last days.

An old friend of mine went to this concert & spent nearly two hours explainin' how great it was & how magical the concert went when a flock of sheep starts to fill up the stage ... Jim takes gracefully of them in his arms and recites a poem on a petition to the Lord with a prayer... And he was fat & high, and he had a long beard and he was beautiful.

And he had that late 1970 light in his eyes.


And after that, Paris.

domingo, 6 de setembro de 2009

Humble Pies - A Missão


13 de Junho de 2008 12:35
Send the following translation right away, please.
Best rgrds.
Us

"...You've learned both how to eat "humble pie" and to fix humble pie in such a palatable way that others can eat it..."
(...)



(Você tanto aprendeu a comer a torta da humildade quanto a prepará-la, e de uma maneira tão agradável que outra pessoa também pudesse comê-la)

(...)

Dear Sirs:

Done.

Deadline over.
Thnx.

"...Você aprendeu a se desculpar e a ser humilde de uma forma que os outros aprendessem a fazer o mesmo. .."

The other Humble Pie, always palatable… 40 years after

http://www.youtube.com/watch?v=WAZlf_9ObLg

E mais outra...

http://www.pippahunnechurch.com/humble_pie_recipe.php


Sometimes... it all comes down to eat the right humble pie.





sábado, 5 de setembro de 2009

Infinito Portátil Circular






Enquanto Pandit e Amithab tentam convencer Opash a questionar o resultado das eleições... É claro que eu já tinha uma idéia de como se fala fundo infinito em inglês, se você começa a navegar apenas nas palavras que associa com fundo e infinito. Que são finitas, porém. Graças a Deus.
Pensei primeiro em termos absolutamente literais. E veio bottom, fundo e endless, sem fim. Dando uma passadinha por bottomless, que é o espírito da coisa, sem fundo. O que logo me lançou num verdadeiro bottomless pit, ou inferno, abismo.
Eu até mesmo dei uma andadinha por alí e acenei para Dante. Que não me deu a mínima. Mas bottomless pit também pode ser um buraco negro, que em inglês tem um nome literalmente exato, Black Hole.
E que pensando bem, pode ser nome de site pornográfico de black amateur americana explorando seu melhor dote ou resumindo, sexo anal. Aunty Jemina, "The" Black Hole.

Paro de pensar besteira e parto para a pesquisa séria. E me vem background, que é fundo em vários quesitos e pode ser a bagagem ou carga (cultural, educacional etc) e ao mesmo tempo, fundo de foto, paisagem, quadro, desenho ou parede (em certos e limitados casos).
E a palavra, brotou: wall. Wall que é palavra dessa geração yuppie, que já se tornou nome de revista (Wallpaper), e o que é um wallpaper senão um fundo, o cenário da sala, o papel de parede que faz o fundo da sala de estar ou do teu desktop. Fácil.
Meia batalha (entre as palavras) vencida. A guerra, no entanto, está perto de ser vencida. Navegando, começo a achar algumas referências e telefonando para uma locadora de equipamento fotográfico. Mas acabo falando mesmo é com um assistente que manja mais do que o fotógrafo: vai até o estúdio, pois tem certeza que o fundo infinito da locadora é importado, acha que é inglês, um minuto só, senhor. Um minuto depois, "Westcott", com dois T no final. Eu tenho o site nos favoritos, é isso. sjwestcott.com, americano, senhor. É um dos melhores. De nada, senhor.
Da Westcott, que tem catálogo em PDF, começo a casar palavras que vão fluindo aos montes, nas sendas de San Google e em minha mente: infinite, infinity, infinity wall, infinity curve, que são todas espécies de backgrounds.
Na Calumet, fabricantes dos mais caros backgrounds e shapes de fundo infinito, descubro finalmente as melhores possibilidades para fundo infinito: o fixo, ou seja, a parede fixa que desce de encontro ao chão e faz uma curva (ue pode oscilar entre alguns ângulos padrão, para melhor iluminar), antes de encontrar o solo, tudo da mesma cor, que em geral é Branco Total ou Preto.

Nós que já entramos e saímos de tantos estúdios, sabemos bem o que é.
O outro, é o rolo de papel ou tecido especial (com a tecnologia de hoje, são vários tipos de tramas) que você estica de um suporte chumbado na parede, até encontrar o solo. Estica daqui, puxa dali... Quando ele encontra o solo e é puxado na direção oposta à parede, com um jeitinho é possível formar um angulo curvo na intersecção de parede com solo, que tem a mesma função do fundo infinito fixo, mas é muito mais versátil que o fixo (que em geral é pintado de cores diferentes centenas de vezes...), pois o profissional só troca a bobina do suporte, de acordo com o tipo (paisagem lunar, parede de cavernas, terra, grama, água, colinas do Afganistão, etc 'ad infinitum' ) de background ou fundo que você necessitar.
Esse móvel de bobinas, faz o que eles chamam de infinity curve, efeito do papel criando a curva arredondada que provoca a sensação de fundo infinito, sem emendas, rasuras, intersecções ou ângulos retos definidos por trás do objeto ou pessoa que está sendo filmada, ou fotografada, em foco.

Pronto. Filtro sem usar nenhum filtro rebatedor para os pensamentos que fluem e se traduzem em sensações, retesamento, languidez e umidade cremosa no meu corpo contorcionista de tradutor em cadeira giratória de segunda.

E então saio do link e volto a nós dois, o tema inicial dessa canção de palavras antes de me perder no fundo infinito que o texto exigia.
Fecho os olhos e apalpo a superfície arredondada e sinuosa da sua cintura onde ela encontra sua perna sobre a minha coxa e se beijam, onde nossas curvas infinitas se fundem e mãos se entrelaçam correndo sobre teu seio, meu sexo, nossas nucas e línguas que se exploram sem noção terrena de extensão. Minha língua tem uma fome desmedida de saborear a curva infinita que forma o arco baleno de suas pernas, o arco dos quentes lábios que sugam e me remetem às paredes infinitas do nosso prazer em teu santuário.
E já que a curva é infinita, sigo em frente impelido pelo grande prazer desconhecido que toma conta de minhas partes altas, médias e todas as outras que estão entre, ao lado e principalmente no meio dessa área situada entre as pequenas zonas de mortes sucessivas e o encaixe exato de nossas raízes de pele tão sensível, suave, elástica... Que se fundem, se unem, são unos. Oh! Yes.
É nesse momento que chovemos de prazer e disparamos jatos de orgones circulares, que flutuam acima de nós como um cardume de fumaça saindo de nosso corpo e nadam livres pelo oceano de prazer que paira sobre nós e estoura lentamente subindo e descendo nas paredes.
Assim tem sido, e mais do que assim, sempre será, em insistentes múltiplos gozos de amor palpável espalhados pela abóboda de nossa imaginação mais libertina e natural. Aaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh.

Morro de excitação e de prazer. E essa morte é doce.

Quando ressuscito, ao sinal do teu skype insistente (Ê você aí!! Morreu ou o quê??) no som do monitor, a primeira coisa que vejo é o cursor giratório, piscando no monitor no final da palavra background digitada. Salvei ou não salvei, meu São Benedito? Mas é claro que eu tinha uma idéia de como se fala fundo infinito em inglês...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Msn e colírio alucinógeno no deck do navio





(Descascador de batatas)
...
Na verdade estou na chuva lavando o convés... entrei de gaiato no navio! batatas, costas doloridas, casa das máquinas, esfrega convés, eu, hein? mas a gripe acabou-se toda! desculpa, entonces... aliás... ce sabia, que além de uma tatoo na perna direita, tenho um pintão negro na perna esquerda... dá pra me reconhecer de costas (e de bermuda) lavando o convés... qdo acabar aqui, vou mergulhar de pinta e bermuda e tudo na piscina do 3º deck: tá cheia de OMO... foi o jeito mais fácil q encontraram de lavar o piscinão (de ramos?)... enquanto isso no radio pequeninho de pilha, uma gracinha (sem choppinho ou não), guilherme arantes canta aquela musiquinha lindinha... 'deixa chovêeeee, uoôuoouoo, deixa a chuva molhahhhhhhhhrrrr'.... mas como ele é engraçadinho....
depois vou mandar entregar a ultima edição da revista M da TV na vossa cabine...
(sonoplastia: ô grumete! cê veio aqui pra conversar ou pra esfregar!!! kabuummm!)

(Rainha)
estás precisando de um bote pra voltar ao navio?

(Descascador de Batatas)
... ultimamente, sempre preciso de um bote. Mas se ficar difícil, acho q posso voltar nadando, crawl. se a coisa apertar, doggy style. na pior das hipóteses, boiando. Mas a pior das hipótes, actually, are the sharks... é por isso q o descascador de batatas (sem qquer dor, creia) adora mulher: viaja sem drogas e sem gastar nenhum $$ em tkts... aqui na sala das maquinas pega a tv record e a geena davis tá dando um show com o samuel jackson... (plaquinha balançando: Volto Já!) ... Câmbio...

... tinindo trincando: nessa vida já fui (quase) tudo: descascador de batata, de abacaxis (quantos), segurador de pepinos (quantos²) e como bom macacaio velho, quebrador de galhos que ia com muita sede ao pote, desajeitado como ele só. e a gente acaba pegando pegando a manha e se torna um vencedor. e o que ganho? batatas! claro q de lambuja, vem aqueles momentos deliciosos com meus semelhantes q também são bons no ofício e além de tudo, me fazem muito muito bem. as batatas, já descasquei. o show já tá garantido e o capitão... só começarão a dar por falta dele amanhã... to be continued... (ca mão nu coração, o grande guia pele-vermelha, desbotado só na superfície) ... câmbio...

(Rainha)
Câmbio... não te acho neste navio....onde vc está? pare de olhar pro horizonte e olha aqui óoooo!!!!! tá vendo? sou eu aqui bem acima...não se faça de louquinho(como aquele meu amiguinho). Não finja que não me vê só pq vc me proporcionou momentos bons ontem e acha que é o suficiente.....

(Descascador de batatas)
... na verdade, Margarida de Valois (Taurina também, b-lieve me), esses bons momentos não são jamais suficientes... nesse mundo cheio de maldade e desilusão... E você me faz muito bem. O que não está muito bem, muito bem, muito bem são esses 12 panelões de batata q o capitão me deu pra descascar. Meu horizonte nesse momento é o cantinho da cozinha e um 'buiaquinho' redondo em forma de céu. Se eu fizer essa dúzia... ele deixa a gente assistir o show de Rei nas mesas VIP, e pra ser sincero, tô pegando a manha de descascar batatinha quando nasce, esparrama pelo chão... E você quando dorme, põe a mão no meu... coração? câmbio...

(Rainha)
Realmente caro descascador de batatas, estes momentos nunca são suficientes ainda mais quando se volta pra casa a pé. Se vc quiser ir ao show do rei ( que rei? sou eu?) eu descasco as batatas pra vc, o capitão nem perceberá e as comeremos na piscina amanhã de manhã. Vcmefazmuitobemtambém. A mão? claro...no teu coração.

(9/12/07)




Era uma vez uma cabine 54 num navio transatlantico...

Megsmurals - Meg Monahan

"Are u ok? nas entrelinhas sinto uma certa dor....estou viajando? algo aconteceu? bem se for imaginação deixa pra lá, mulher viaja pra caramba,, mas o importante é voltar da viagem não desta que estou adorando, aqui no navio. Quer saber? Vou com vc no show do rei, dá tempo? "

(Hoje, btw, RC is in town...)

eNQUANTO ISSO, VOU RÁPIDO...uêpa... maíúscula prêsa... como dizia eu ká n'orkut... é por isso que amo as mulheres, sensíveis naturalmente.

Coisa que um "queer" ñ será nem após 3 encarnações... êpa! peraí: nenhum preconceito aí. Logo eu... com essa alma quase feminina, colega?! Simples, curto e fino: mulher viaja na sensibilidade. Homem, na maionaise. Quando é sensível demais, é gay, delicado, bicha, viado, fruta. Vc vê o paradoxo absurdo das coisas e dos rótulos... e a eterna mentalidade masculina patriarcal rasteira, no geral?


Acabei de traduzir Marlon Brando ontem pra R.Stone, Mondo Brando: O método de sua loucura, 76. Isso me tocou de uma maneira muito profunda. Porque, na verdade, Brando não estava louco.

Ele simplesmente não tinha mais esperança, vendo pra onde o mundo estava indo. Não vou te mandar agora porque ainda não revisei e gostaria de ver isso impresso, na revista, com as fotos etc e tal.

Mas é impressionante a sensibilidade do 'Coronel Kurtz'. O cara ganhava milhões numa época q não se ganhavam milhões no cinema. Um milhão de dólares era um absurdo de grana. E ele ganhava, até mais. E foi chegando num ponto, que fazia o que queria, ganhava um milhão pra aparecer 10 minutos (Superman, e.g.). E essa grana ia pra onde? Índios, projetos de novas tecnologias, ilha de corais no tahiti, energia solar... ele não queria mais nada com os 'bundões' do cinema, no more, que só diziam e faziam 'merda' (sic).

E o que se nota, é que não havia um pingo de esperança com a raça humana nas palavras dele. No way out. E claro, isso mexeu imperceptívelmente comigo.

Hoje, resolvi limpar o micro, que tinha por baixo uns 300 words/docs pra organizar, tirar e gravar. E li muita coisa. coisas inclusive q não deveria ter relido. Era só passar pro pendrive, mas a besta leu, e isso tbém mexeu comigo - lógico, ando sensível. a coisa pega fácil, ando chorando em comercial de margarina... Tão fácil, que é capaz de eu tomar um suco de maracujá, dar barato e começar uma trip (tá bom, não vamos exagerar...).

E somehow, a coisa doeu. Mas como diz o livro evangélico que estou traduzindo, 'há um propósito na dor'. O que os marombeiros bombados de academia traduzem por 'no pain, no gain', por sinal, o título da 1ª coluna na MTV, falando da estrada sem volta do vício.

Isso é pra te explicar o que vc percebeu. E o que eu só fui perceber depois q vc percebeu. Sabe aquela coisa tipo 'eu não sabia que vc sabia que eu não sabia, mas de repente, fiquei sabendo'?

Me desculpe o francês, mas mulher é phoda. No 'bom sentido', claro.

E vc foi além das palavras e matou. No bom sentido, tbém.

Quando escrevi o textículo... foi simplesmnte uma brincadeira com palavras, com quincas borba e os pepinos, abacaxis e batatas (poupei os pêssegos, tadinhos...). Mas qdo reli, depois da sua nota, senti uma mágoa implícita minha. Engraçado, né? Claro, nada com você, minha linda.

È a vida, é o passado grudado, são as coisas q não fiz e as q fiz demasss. Hoje, pegou mais forte. Mas agora, já despegou. E vou dormir mais tranquilo. tirei tudo do pc - que tá a maior limpeza - e de uma certa maneira, deletei da minha mente, exorcizei, matei e removi a carcaça do monstro & so on.

'O importante é voltar da viagem'.

E não desta que estou adorando, lá no navio. Lá sou amigo da rainha.

E hoje em dia, só uma rainha pra me fazer feliz.
No player: Transatlantic SMPTe, 2000
(12/12/07)
...Transatlantic podria considerarse como una super banda (también la banda paralela, ya que era un proyecto paralelo para todos sus integrantes), fundada por el ex-vocalista de Spock`s Beard, Neal Morse, y el bastante conocido baterista de Dream Theater (Portnoy) en el año 99`. Sumaron en sus filas al fundador de The Flower Kings, Roine Stolt, y al bajista de Marillion, Pete Trewavas. Como veran no era menos lo que se esperaba de esta banda siendo formada por importantes músicos del area progresiva, y no fue menos lo que produjo SMPTe (Stolt, Morse, Portnoy y Trewavas...) lanzado al mercado el 2000... podria decirse también que hereda las influencias de aquellas bandas a las que pertenecen sus integrantes... de verdad es un gusto escucharlos.
descargalo, agradece y tendras 7 años de buena suerte...


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Que tal abrir as portas do hospício?




Re: O que fazer com um doido de hospício fora dele?


From: Geraldo Paula Souza Anhaia Mello




Estou louco já faz tempo mas agora a coisa piorou muito. Fiquei agressivo. Furioso. Homicida e suicida. (...) Ou como diz o Bruno Simões, sou um personagem de Homero em um livro de José Sarney. Eu quase cheguei lá. Estava começando a acertar o passo com a moça que me pediu para não citar mais o nome dela e eu obedeço. Estávamos indo bem, mesmo que fosse para o brejo, de vento em popa e à beira do abismo. (...)
3 de setembro de 2009 12:50

Que tal abrir as portas do hospício?

Gentileza tua o toque sobre a moça que te pediu pra não citar o nome dela. Eu faria o mesmo. Tive meus tempos de Pauno Coelho, o Magro, na redação da extinta revista MTV. Tinha até o Dado Abreu e o Alex Casalho (uma doçura de pessoa) que me chamavam de Master, assim mesmo em inglês.

A garotada de 20 e poucos anos maníaca por musik e o roqueiro cincoentão q viu todos os big-shows que eles queriam ver. Nessas horas, eu me sentia um Deus entre os Deuses da Música, podia me dar ao luxo de citar duas dúzias de bandas e indicar cada uma delas especialmente para os meus jovens discípulos e eles, wohhhlllll!

O mais irônico de tudo foi que apresentei um Robert Wyatt e Roy Harper (logo pra eles que curtem Floyd e Zeppelin e ñ sabiam quem era o guru amigo das duas bandas, Hats off to Roy Harper [LZ] de um lado, Have a Cigar [PF] de outro lado, dois tributos de duas bandas fenomenais...) pra eles.

Mas em contrapartida, eles me deram uma lavada: apresentaram um cara da minha geração, que eu teria obrigação de conhecer, mas só fui descobrir em 2004, trinta anos depois de sua morte prematura.

Nick Drake, um genio das cordas de nylon suaves, das belíssimas melodias e da voz grave, tímida, que saiu desse mundo insensível via overdose de downers. Uma de suas canções acabou virando trilha de comercial do Cabrio VW, no final do ano 2000.
Uma das músicas mais sombrias e doces utilizadas num comercial da VW.

Take a look, hear the tune:




Ou seja, tudo isso pra dizer que Mestres e Magos também aprendem com pupilos; e estes, em geral, ainda turbinados por uma energia cristalina, pura, nova e criativa não (tão) corrompida pelo mundano, terminam por turbinar o guru.

Para mim, a energia era contagiante, uma espécie de fresca pandemia
de artes. Me impulsionava a ir mais longe nos textos sobre classic music e resenhas que eu fazia pra MTV mensalmente. E ousar, como eles ousavam, com uma mão no bolso, pés sobre a mesa e a mão livre dominando cada um dos 30 msns abertos na barra....

Sabia que alguns dos mais belos e caros edredons de patchwork a venda em Devonshire são feitos de trapos, old boy?


Cheer urself up!




terça-feira, 1 de setembro de 2009

Who? Who. I Asked, Who? And I said, Who, again!


Facebook Fever


"...E depois de quatro tremendas bandas tocarem no palco antes deles entrarem as 8 da noite....



Lembra do que aconteceu com Hendrix e Townshend por causa do "quem entra primeiro?" no Monterey Pop? Não lembro qual dos 2 fez o show antes, mas Jimi tacou fogo na sua strato e 'transou' com ela em pleno palco (antes havia tocado Otis Redding, no auge, que tacara fogo na platéia) . Townshend, por outro ... pulou, saltou, girou os braços como nunca e na apoteose, destruiu o palco (claro, o lunático do Moon no comando. Isso em 67...).

Me lembro dele contando o causo no filme do Hendrix, JIMI e argumentando... "E eu disse pro produtor... Se eu tiver que entrar depois que Jimi der o seu show, eu vou ter que extrapolar, cara...".


And he Did.


No show desse poster que anexei... O Who já entra com a Squeeze Box, que era um top ten hit all-over UK... Meu... eu nem te conto.

E pra completar, em cada extremidade do estádio de futebol, havia uma espécie de torre de observação. Em cada uma delas, um canhão de laser conectando uma com a outra... Mas o show de laser só começou lá pela 2ª metade do concerto. Durante duas horas eles tocaram tudo e Pete T não largou da guitarra, as mãos e dedos compridos de Entwistle não pararam de atacar as cordas, Daltrey só parou de cantar nos solos individuais ou nas partes instrumentais mais complicadas... E Keith Moon não parou de martelar a bateria e nem soltou as baquetas, nem mesmo para subir em seu banquinho e abaixar o leotard creme e mostrar o bundão (bundinha, actually) inglês durante a execução da pseudo autobiográfica "Bell Boy", irreverente as usual. Pelo menos até a hora que eu saí, quando a chuva apertou de vez e pararam o show de laser.

Mas não a música: haviam 10 mil ingleses bebados, hooligans included, num estádio de time do interior de Londres (Carlton), empolgadésimos com seus ídolos, no meio de um campo de futebol sem piso de madeira, a chuva apertando mais e mais, a grama misturando com a terra molhada... Isso não ia melhorar antes de piorar e eu estava a uma hora de Londres; isso para chegar em Victoria antes de sair o último underground trem... Se eu o perdesse, it would be a long long way to West Kensington...

Bye, Bye, Who. I'm Off to London Town.


Pouco tempo depois, Keith Moon teve a OD.

E eu fiquei com aquela voz de bêbado que ele fazia em Bell Boy ecoando na mente por um bom tempo. Um outro good chap emérito famoso nas bebedeiras e arruaças de Moon, era Ron Wood, ex-Faces e still a Rolling Stone. O Ron Wood está sempre metido em confusão, até hoje...


Depois te conto o resto... Antes deles, tocou o Little Feat, e depois o Alex Harvey band, Sensational Alex... "


Terça-feira, 00:50/1/8/09

Dava pra escrever um capítulo, começando assim: A última que vi o Sr. Moon, ele mostrou a bunda para mim.